Capítulo 32 (Bônus)
Depois de capturar o Clevan, foi inevitável deixar BlackWhite. Apesar de ser uma partida dolorosa, o tempo urge, especialmente com os relatos dos homens de Peter sobre os ataques cada vez mais brutais de Leonidas. Para proteger suas famílias, alguns homens optaram por se aliar a ele, transformando-me em alvo de uma perigosa caçada. No entanto, até agora, consegui evitar ser localizada, em grande parte graças aos esforços de Nicolay e Kedra, que eliminaram qualquer vestígio que pudesse nos denunciar. O trajeto de volta foi consideravelmente mais longo, pois tivemos que modificar não apenas a rota, mas todo o itinerário. Evitar a cidade desconhecida, agora infestada por guardas de BrownWood, era imperativo. Optamos por um caminho alternativo, mais extenso, mas menos arriscado, visando alcançar Lós. Felizmente, contamos com a hospitalidade de Dempsey Horla, que sabemos não nos trairá.
— Vai ficar tudo bem. — Disse Nicolay mexendo em meus cabelos.
Encostada em seu peito, sinto as batidas do seu coração, uma melodia reconfortante em meio ao caos. O som da sua respiração é como uma suave canção, trazendo uma sensação de calma que contrasta com o tumulto ao nosso redor.
— Eu espero que sim. — Falei brincando com os dedos.
— Já estamos com a pele do Clevan vamos voltar para SunFifth e MoonFifth e faremos sua coroação. — Disse alegremente convincente.
— O que vai acontecer depois que eu for coroada? — Com o queixo apoiado nas mãos sobre o peito de Nicolay, lancei lhe um olhar inquisitivo.
— Meu bem você vai se tornar rainha e os dois reinos vão...
— Não! Eu digo o que vai acontecer com a gente? — O interrompi.
— Vou ficar ao seu lado sempre que precisar. — Sorriu largo.
— Mas você vai me deixar sozinha? — Perguntei insegura.
— Por que todas essas perguntas?" Ele manifestou sua curiosidade.
— Porque você é o rei de Sansalom. — Respondi, destacando o óbvio. — Já tem suas obrigações.
— Essa é a sua preocupação? — Perguntou, divertido. Sentei-me para observar seu rosto mais de perto.
— Você não pode ficar em dois lugares ao mesmo tempo. — Respondi.
— E o que você deseja meu bem? — Disse passando a mão em meu rosto.
— Desejo que fique comigo. — Disse em voz baixa, com receio de sua resposta.
— Eu vou ficar. — Disse calmo.
— Mas como?
— Daremos um jeito, não pense nisso por agora. — Ele sorriu. — Não deixarei vocês sozinhos, tudo bem? — Balancei a cabeça em confirmação e Nicolay me puxou de volta para seus braços.
...
— Mas que honra vê-la novamente. — Me saudou Dempsey de braços abertos.
— Dempsey. — O cumprimentei.
— Vejo que a senhorita está um pouco machucada... — Ele notou minha bengala e nos arranhões que ganhei.
— É. — Ponderei por alguns instantes. — Tive alguns probleminhas. — Conclui.
— Mas creio que já está resolvido? — Ergueu a sobrancelha.
— Sim. Está sim! — Dei um sorriso falso. — Agradeço a preocupação.
— Cadê o líder de Sansalom? Não os vejo com vocês. — Perguntou Dempsey curioso.
— Ele não pôde vir com a gente. Ele e mais dois homens precisaram resolver um problema. — Menti.
Nicolay sugeriu que seria melhor se ele, Gerad e Rixon fossem na frente para levar a pele do Clevan até Joseph, que já os aguardava. Ele explicou que não seria inteligente trazer a pele para Lós ou viajar com um item tão valioso, especialmente comigo junto. Além disso, isso garantiria mais segurança para mim. Confesso que ficaria louca se tivesse que viajar por mais tempo sem nenhum descanso. Ultimamente tenho me sentido extremamente esgotada, acredito que por me esforçar demais, sem contar na energia que demanda utilizar os meus poderes.
— Bom vamos entrar? — Nos convidou abrindo espaço para que pudéssemos passar.
Assim que Dempsey abriu os braços, indicando o caminho, notei um pingente preso ao seu casaco, próximo ao peito. O pingente me parecia estranhamente familiar, mas minha memória sempre foi falha; por mais que tentasse, não conseguia lembrar de onde o conhecia.
— Gostaria que você e sua equipe jantassem conosco hoje. Da última vez que esteve aqui, não tivemos a oportunidade de conversar. — Sussurrou para mim.
— Claro! Assim que eu tomar um banho e descansar, tudo bem? — Perguntei.
De certa forma, estou tentando me livrar de Dempsey Horla a qualquer custo. Qualquer desculpa para adiar uma conversa a sós com ele é bem-vinda.
— Claro. Como quiser, alteza. — Respondeu.
Partimos para dentro do palácio.
— Ele me causa arrepios. — Cochichou Helena para mim.
— Eu sei. — Respondi sorrindo.
— Eu acho ele um gato. — Comentou Catarina atrás de nós.
— Segure esse seu fogo Catarina. — Avisou Helena revirando os olhos. Catarina sorriu e deu de ombros.
— Vocês vão ficar bem? — Lucas se aproximou ao lado de Kedra e perguntou, fazendo com que eu e as meninas nos calássemos imediatamente.
— Ãhm... Sim por que? — Questionei.
— Nós teremos que ir até o mercado no centro da cidade comprar algumas coisas. — Respondeu Kedra.
— Comprar algumas coisas? Que coisas são essas? E por que vocês iriam em um mercado? — Catarina os encheu de pergunta.
E confesso que partilho da mesma curiosidade.
— Mercadorias especiais Catarina, nada demais. — Lucky tentou despistar algo.
— Se não é nada demais então por que não nos conta? — Insistiu Catarina cruzando os braços.
— Ah pelos deuses! Andem logo... — Bufou. — Olha iremos em um mercado pirata que nós descobrimos aqui em Lós. — Soltou Lucas de saco cheio.
— Mas para quê? — Questionou Helena.
— Porque precisamos de algumas armas novas. — Ele respondeu.
— Armas? Novas? — Ergui as sobrancelhas.
"O que eles estão armando?"
— É Meredith Armas. Daqui alguns dias você se tornará rainha alguns reinos já estão se sentindo intimidados porque eles desconhecem você. Se acha que está difícil agora é bem provável que fique muito pior depois. — Disse Kedra quase cochichando para não ser ouvido por mais ninguém além de nós.
— Certo e vocês vão demorar? — Me preocupei.
Não quero ficar sozinha neste palácio apenas com Helena e Catarina. Apesar de nossas habilidades, ter um homem de confiança por perto é sempre bem vindo.
— Não, voltaremos antes do jantar de Dempsey. — Confirmou Kedra.
— Ok então. — Respondi.
— Há algum problema? — Perguntou Dempsey percebendo nossa demora.
— Não! Nenhum, vamos? — O chamei. Passei as mãos pelos seus braços enquanto saímos, acompanhados apenas por Catarina e Helena.
...
— Por que Dempsey deixa castanhas nos quartos? Isso é estranho. — Comentou Catarina.
Ela está deitada na minha cama, segurando uma tigela de castanhas nas mãos, encarando uma delas como se tentasse desvendar um mistério.
— Não sei talvez ele ache que isso é, receptivo? — Disse Helena lutando com o ar em um dos cantos do quarto.
— Acho que deve ser alguma tradição. — Dei minha opinião.
— Acho que não é deste reino, nunca experimentei algo assim. Seja o que for é uma delícia. — Disse Catarina dando de ombros.
Hoje decidimos passar a tarde no quarto cedido para mim, para descansar e relaxar um pouco. Helena sempre anima o ambiente; ela é uma amiga incrível. Quanto a Catarina, ainda estou tentando entender. Ela parece diferente, menos insuportável do que antes, mas ainda é um mistério para mim.
— Deixe-me ver! — Peguei duas castanhas e as coloquei na boca.
Depois de mastigar, senti meu estômago revirar e uma sensação desagradável começou a subir pela garganta. Parecia que a castanha não me caiu bem; tudo voltou tão rápido quanto foi para baixo. Corri para a sala de banhos e vomitei, aliviando a aflição momentânea.
— Céus Catarina sério que você gostou disso? — Gritei de lá, incrédula com o gosto peculiar de Catarina.
— Você está bem? — Perguntou Helena preocupada.
— Sim estou, só me senti enjoada. — Respondi enxaguando os lábios.
— Olha acho que você não mastigou direito, tome mais um...
— Não tire isso daqui! Esse cheiro também está horrível, é de embrulhar o estômago. — Interrompi Catarina.
— Mas que cheiro Meredith? Nem dá para sentir direito. — Catarina franziu o nariz ao cheirar a tigela de castanhas.
— Meredith posso te fazer uma pergunta? — Indagou Helena.
— Faça. — Empurrei Catarina para o outro lado da cama e me sentei em seu lugar.
— Bom quantas vezes você e Nicolay fizeram, bem, aquilo? — Continuou Helena um pouco envergonhada.
— Fizemos o que? — Perguntei inocentemente, sem perceber o que ela realmente queria me perguntar.
Digamos que eu estava um pouco distraída.
— Aquilo. — Ela repetiu, fazendo uma careta engraçada e gesticulando freneticamente com as mãos.
— Ora, vamos, Helena, pergunte logo e pare com essa enrolação! — Gritou Catarina, impaciente.
Quando Helena abre a boca para falar Catarina entrou abruptamente em sua frente.
— Ela quer saber quantas vezes você e Nicolay dormiram juntos. Ou seja quantas vezes vocês transaram. — Ela disse diretamente sem vergonha nenhuma.
Novidade ''você está falando de Catarina, Meredith."
— Ah sim, isso? — Corei intensamente, ficando vermelha como um tomate.
— Sim isso! — Confirmou Helena aguardando ansiosamente minha resposta.
— Sei lá, é, Bem umas três vezes ou mais eu acho. — Gaguejei.
— Três vezes ou mais? — Gritou Catarina perplexa.
— Fale baixo sua maluca. — À repreendi.
— Nossa, que animação em? Em decorrência de tudo que estamos passando no momento vocês até que souberam viver bem. — Brincou Helena.
— Dá para pararem com isso? O que isso tem a ver? — Praticamente implorei, ficando ainda mais vermelha.
— Cheire esta tigela! — Ordenou Catarina enfiando a tigela em meu nariz.
Tivemos uma pequena luta em cima da cama: ela tentando me fazer cheirar as castanhas e eu lutando para me desvencilhar, evitando o cheiro insistente que emanava da tigela.
— Não! Pare com isso, ou vou vomitar em você. — Ameacei.
— Interessante, você não suporta o cheiro das castanhas? — Disse Helena pensativa.
As duas me olharam e depois se entreolharam como se estivessem lendo os pensamentos uma da outra. Em seguida, seus olhares voltaram para mim.
— O que foi? — Perguntei, curiosa com a expressão trocada entre elas.
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