Capítulo 21
Bati na porta do escritório de Joseph e ele abriu com uma rapidez que parece que já estava me esperando. Na verdade foi sua esposa Victória que abriu.
— Olá querida. — Me cumprimentou com um sorriso imenso no rosto.
— Joseph está? — Perguntei.
— Claro, John! — Gritou.
— Pode entrar já estava mesmo saída querida. — Abriu a porta para que eu pudesse passar.
Entrei e então Victória saiu e fechou a porta atrás de mim.
— Meredith vejo que você deu uma mudada no visual. — Disse me olhando por cima dos óculos deixando de lado os papéis que lia.
— Eu quero enxergar. — Fui direto ao assunto.
Joseph tirou os óculos jogou na mesinha e se encostou na cadeira meio confuso com o meu pedido.
— Não compreendo.
— O poder que corre em minhas veias eu quero ver. Vocês dizem que veem pois eu também quero. Mostre-me. — Repeti.
Ele sorriu.
— Não é assim que funciona Meredith. Você não pode simplesmente querer ver e pronto.
— Então o que eu tenho que fazer? — Questionei impaciente.
Joseph se levantou dando a volta em sua mesa parando em minha frente.
— Você tem que acreditar Meredith..
— Eu acredito Joseph. — O interrompi.
— Não Meredith você não acredita. Você tem que ter fé, você precisa realmente acreditar que há poder circulando em suas veias. Se acreditar, verá. — Concluiu.
— Tudo bem. — Respirei fundo me acalmando.
— Me ajude então. Eu quero ver. — Pedi.
— Certo, feche os olhos. — Joseph concordou em me ajudar.
Respirei fundo mais uma vez e fechei os olhos.
— Agora sinta. — Falou em tom baixo.
Com os olhos fechados me concentrei em sentir.
— Relaxe. Sinta. — Disse com uma voz serena.
Quando entrei em êxtase, uma sensação de formigamento percorreu minhas mãos, enquanto algo quente envolvia todo o meu corpo. Meu coração acelerava cada vez mais, proporcionando uma experiência libertadora. Nesse momento, sinto-me fortalecido e com uma capacidade extraordinária. A vontade de rir descontroladamente é irresistível.
— Eu acredito. — Sussurrei baixinho.
Mesmo de olhos fechados, pude sentir o sorriso radiante de Joseph. Seu orgulho é palpável, envolvendo-me completamente. É simplesmente incrível.
— Abra os olhos. — Disse Joseph aos risos.
Assim que abri os olhos, me deparei com meu pulso e levei um susto elétrico. Surpreendida, dei um salto para trás e soltei um gritinho involuntário.
— Isso é impossível. — Fiquei embasbacada.
Não sabia direito o que falar não conseguia tirar os olhos de meu pulso.
— Isso é maravilhoso! — Concluí. Nas profundezas das minhas veias, fluía uma luz amarela cintilante, irradiando calor e luminosidade semelhantes aos raios do sol em uma manhã de verão. Era como se o próprio sol corresse dentro de mim.
— Eu sei. — Joseph continua escorado em sua mesa com os braços cruzados honrado olhando de perto minha reação.
— Certo ok, como faço para parar? — Tentei me manter controlada. — Preciso que alguém me ajude com isso aqui. — Disse apontando para o meu braço.
— Mas é claro! Você em breve será treinada. Só estávamos esperando por esse momento em que você enxergasse o seu verdadeiro eu. Agora acho que podemos prosseguir. — Disse indo se sentar em sua cadeira novamente.
Ao passo que meu coração ia se acalmando e o formigamento parando a luz que irradiava de dentro de mim diminuía.
— E quem vai me treinar? — Perguntei entusiasmada.
— Nicolay. — Meu sorriso se desmontou.
— Nicolay? — Perguntei deixando transparente minha decepção.
— Nicolay e eu claramente, irei ser seu mentor também porque aliás temos pouco tempo e eu sei que ele não é a melhor pessoa do mundo para você mas ele é um bom guerreiro sabe todas as técnicas. — Explicou.
— Não entendo como você pode ter aliança com um homem como Nicolay. — Não consigo de verdade acreditar.
— Nicolay é um homem intenso mas no fundo tem um bom coração ele só não deixa transparecer. — Joseph insiste em defender Nicolay.
— E como você pode ter certeza disso? — Cruzei os braços levantei as sobrancelhas e joguei um olhar intimidador.
— Porque o conheço desde muito novo. Ele me lembra meu irmão. — Ele parou por um momento, imerso em uma pausa para revisitar alguma lembrança do passado.
— Seu irmão? — Não entendo a referência.
— Nicolay é meu sobrinho e Kedra também. — Minha boca se escancarou.
Tentei articular algumas palavras, mas logo as engoli e permaneci em silêncio. É curioso como Nicolay se destaca completamente de seus parentes. Tentando mudar de assunto perguntei algo que me corroía a cabeça.
— Joseph como você virou Governador de Sunfifth e Moonfifth?
— Bom depois que Luna e Filiphe desceram os reinos do céu para terra eles decidiram descer também...
— Espera esse era o nome dos meus pais verdadeiros Luna e Filiphe? — Interrompi abruptamente, afundando-me em uma cadeira.
Meu coração se encheu de alegria em poder saber desse pequeno detalhe. Antes não queria saber, me recusava a aceitar mas agora tudo o que envolve os dois reinos e os meus pais verdadeiros me atiça a curiosidade.
— Sim, Filiphe e Luna, eles vieram em forma humana, usavam seus poderes para manter o controle normal das coisas deixando em ordem o dia e a noite. — Me explicou.
— Mas se eles desceram e usavam seus poderes para manter a ordem de tudo por que não ficaram mais juntos? — Essa parte me escapava completamente, incapaz de compreendê-la.
—Porque eles não tinham um momento de pausa; enquanto um trabalhava, o outro descansava, utilizando seus poderes que os deixavam exauridos. Eu estava a serviço no Palácio de Moonfifth, sendo o braço direito de seu pai. Testemunhei de perto o peso do cansaço que o consumia. Um dia, ele... simplesmente foi descansar e... no dia seguinte, não despertou mais. Antes de partir, confiou-me o título de Governador, como se já previsse que seu fim estava perto. — O olhar de Joseph vagueia em recordações dolorosas, e eu pude perceber a angústia que o dominava apenas com suas palavras.
A dor também me atingiu, e me vi imaginando como seria se tivesse tido a oportunidade de conhecer meus pais biológicos.
— Sua mãe ficou profundamente abalada com a morte de Filiphe; semanas depois, ela também nos deixou. Foi então que o povo decidiu me nomear Governador de Sunfifth, mas tudo de forma provisória, até o seu retorno. — Ela morreu de tristeza. Uma névoa de lágrimas obscureceu meus olhos.
— Uma história de amor muito triste. — Falei engasgando.
— Sim. — Disse Joseph com a cabeça baixa sem conseguir me encarar.
— E aonde eu estava nesse meio tempo? — Perguntei sentindo a necessidade de saber mais.
— Você ficou aqui em Sunfifth, Luna não tinha condições de cuidar de você devido aos seus afazeres como rainha. Após a morte dela, os ataques cessaram, mas uma caçada implacável por você começou. Foi um malabarismo constante entre proteger você, lidar com os ataques e governar os dois reinos. Decidimos confiar em Marcela, que era dama e companheira de sua mãe, como sua guardiã, pois na época era a opção mais segura. Depois de um tempo, quando a busca pelo bebê cessou, tentamos encontrá-los, mas perdemos o contato com Marcela. Foi somente após a trágica morte dela, de Edgar, do rei e da rainha, que recebemos notícias. Infelizmente, não era o momento certo. Eu confiei que, por estar noiva de Leon, ele cuidaria bem de você, pelo menos por um tempo, mas as coisas não saíram como esperado. — Ele concluiu a história com um peso no coração.
— Nossa que história. — Me levantei.
— Realmente uma situação muito complicada. — Ri com a forma em que Joseph respondeu. — Você será uma grande rainha Meredith assim como sua mãe foi. — Me elogiou com sinceridade.
Tinha prometido a mim mesma que não choraria mais mas é quase impossível. Joseph fez com que quebrasse a minha própria promessa.
— Obrigada Joseph. por tudo de verdade. — Em um ato impensado fui até ele e o abracei.
Fazia um bom tempo que eu não recebia um abraço como aquele; com Joseph, senti-me verdadeiramente segura. Seu abraço era como o de um pai, preenchendo um vazio que os dois pais que perdi não poderiam jamais preencher.
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