Capitulo 9
17/08/1994
Já tinha se passado um mês desde os acontecimentos com o Black; já acabou o primeiro mês de férias; agora temos que aproveitar bastante agosto para depois voltar a Hogwarts.
O S.r. Weasley conseguiu ingressos suficientes da Copa Mundial de Quadribol, para seus filhos, ao Harry e a mim. Achei que talvez Luna ficasse triste por não ir comigo, mas na realidade ela vai com papai já devem estar na fila a uns dias. Agora estou na Toca com Gui e Carlinhos esperando a volta dos gêmeos, do Rony e do Arthur para buscar Harry na casa dos Dursley. Enquanto eles não voltam estou pensando onde será que está Sirius ou Remo? Será que estão bem? Se eu mandar uma carta ao Remo será que ele responderia a essas perguntas, bom não custa tentar.
Me levantando da cadeira indo em direção da cozinha onde se encontrava Molly em frente a uma panela no fogo. -Sra. Weasley pode me emprestar uma pena e uma folha?
-Claro querida.- Falou se virando para mim e logo foi a uma gaveta e pegou uma folha.- Aqui está a folha agora onde deixei a pena?- Falou tentando se lembrar enquanto andava de um lado para o outro até achar a pena numa das gavetas.- Aqui querida, para quem está enviando essa carta?- Perguntou se aproximando me entregando a caneta.
-Ninguém em especial, só para uns amigos.- Falei logo fazendo um sorriso bobo no rosto.
-Se fosse esse o caso não estaria com esse sorriso no rosto, vamos me fale o porquê dessa alegria.- Falou se sentando no meu lado, olhando-me de um jeito carinhoso.
-É que esse ano conheci uma pessoa... e agora eu só fico pensando se está bem ou se está feliz.- Falei enquanto me lembrava da história de Sirius e como não pude me despedir dele antes de partir.
-Agora está explicado o porquê desses olhinhos apaixonados.- Falou com um sorriso no rosto.- Eu era igual a você só que com o Arthur, não podia pensar nele que logo ficava com um sorriso bobo no rosto.- Falou de um jeito doce enquanto lembrava dos momentos com seu amado. Acho tão fofo que mesmo depois de anos de casados, eles ainda se olham como jovens apaixonados.
-Não posso estar apaixonada, o conheci a pouco tempo e nem conversamos direito.- Falo pensativa, enquanto me lembro dos olhos cinza azulados que me hipnotizaram logo quando os vi pela primeira vez.
-A querida o amor é assim mesmo, para quem o tem não precisa de explicações, basta aceitar que existe.- Falou pegando minha mão e me olhando gentilmente. Amo conversa com a Molly, ela cuida de mim como uma filha e isso me faz ficar feliz.
-Acho que nunca agradeci a senhora por cuidar de mim como uma filha, obrigada.- Falei a abraçando e logo de imediato ela me retribuiu o gesto com muito amor. Depois me afastei e vi um lindo sorriso na senhora Weasley.
-Não precisa agradecer querida, faço isso de coração.- Falou se levantando e indo me dar um beijo em cima da cabeça.- Agora é melhor começar a escrever sua carta, se precisar de ajuda é só me chamar.- Disse se afastando em direção as panelas.
Comecei a escrever.
Olá Remo.
Como tem passado esses últimos meses? Estou preocupada por não ter notícias suas, nem do Almofadinhas. Inclusive você sabe se ele está bem?
Bom aqui está tudo bem, tanto comigo quanto com Harry. O senhor Weasley, pai do Rony, conseguiu ingressos para a Copa Mundial de Quadribol, e convidou a mim, a Granger e ao Potter para assistirmos juntos a ele e seus filhos.
Também queria te falar que consegui passar nas 5 NOMs. Em poções eu tirei "E", o que não é tão ruim, considerando o pequeno problema com o professor Snape nos últimos meses. Fora essa matéria o resto tirei "O" o que é muito bom para mim fazer as NIEMs e tentar seguir a carreira de auror.
Bom espero velo logo e não esqueça de me escrever de volta.
Abraços.
17/08/1994
Luana Lily Lovegood.
Terminei a carta e logo fui até a janela, onde pude ver a minha coruja em cima de uma mesinha de madeira, se alimentando da comida que tinha colocado agora pouco.- Alba.- Chamei e logo ela veio à minha frente, acaricie suas lindas penas brancas e ela encostou a cabeça em minha mão, como um gesto de carinho.- Preciso que leve essa carta ao Remo Lupin, pode fazer isso por mim?- Ela balançou a cabeça então lhe entreguei a carta, e rapidamente ela levantou voo para o horizonte.
Voltei para sala e comecei a ler um dos livros sobre poções que tinha levado, até porque se eu quiser passar nas NIEMs no 7º ano, preciso melhorar em poções agora no 6º ano.
Ouvi um barulho da lareira e vi os meninos e o senhor Weasley saírem de lá. Pelo visto algo aconteceu, pois, os meninos estão dando várias risadinhas e imediatamente fiquei curiosa.
Luana para de se distrair, você precisa estudar!
Ouvia meu subconsciente gritar para voltar a atenção ao livro e foi isso o que fiz, pela primeira vez negando minha curiosidade. Mas logo Fred começou a falar com Harry me distraindo de novo, mas não levantei a cabeça anda lutando com minha curiosidade interior.
-Ele comeu?- Perguntou Fred excitado, estendendo a mão para ajudar Harry a se levantar.
-Comeu- Disse Harry se endireitando. - O que era aquilo?
-Caramelo Incha-Língua. - Informou-lhe Fred, animado. Logo que ouvi aquele nome fiz uma cara emburrada.- Foi Jorge e eu que inventamos.- Dei uma tossezinha para Fred, enquanto levantava a cabeça do livro que lia e o encarava com deboche e raiva. - E claro tive a grande ajuda da Lu para testá-las.- Falou tentando não piorar a situação, voltei a cabeça para meu livro seriamente. Ele cochichou algo ao Harry que não entendi muito bem, mas logo a cozinha explodiu de risadas; olhei para o lado e vi que Rony e Jorge estavam sentados à mesa da cozinha com Gui e Carlinhos tentando esconder o riso.
-Não tem nada de engraçado a minha língua ficar inchada!- Reclamei para eles levantando da cadeira e fazendo uma careta enquanto cruzava os braços.
-Claro que não Lu, nunca, JAMAIS iremos rir da sua língua Inchada.- Falou Carlinhos brincalhão tentando controlar a risada junto dos irmãos. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ouviu-se um leve estalo e o Sr. Weasley apareceu de repente junto ao ombro de Jorge. Parecia mais zangado do que Harry jamais o vira.
- Não teve graça alguma, Fred! - Gritou ele. - Que diabo foi que você deu àquele garoto trouxa?
- Eu não dei nada a ele - disse Fred, com outro sorriso malvado. - Só deixei cair um caramelo... foi culpa dele se o apanhou e comeu, não o mandei fazer isso.
- Você deixou cair de propósito! - Berrou o Sr. Weasley. - Sabia que ele ia comer, sabia que ele estava fazendo regime...
- De que tamanho ficou a língua dele? - Perguntei ansiosa.
- Já estava com mais de um metro quando os pais me deixaram encolhê-la!- Harry e os Weasley caíram na gargalhada outra vez.
- Não tem graça! - Gritou o Sr. Weasley. - Esse tipo de comportamento desestabiliza seriamente as relações bruxos-trouxas! Passo metade da vida fazendo campanha contra os maus-tratos aos trouxas e os meus próprios filhos...
- Não demos o caramelo a ele porque é trouxa! - Disse Fred.
-Não, demos porque ele é um filho da mãe implicante - disse Jorge.- Não é verdade, Harry?
-É, é sim, Sr. Weasley.- confirmou Harry com sinceridade.
-Isto não vem ao caso!- vociferou o Sr. Weasley.- Espere até eu contar à sua mãe...
- Contar o quê?- perguntou uma voz às costas dele. A Sra. Weasley acabara de entrar na cozinha seus olhos estivessem apertados numa expressão de desconfiança.
- Ah, olá, Harry, querido - disse ela, sorrindo, ao vê-lo. Então seus olhos se voltaram para o marido. - Contar o quê, Arthur?
O Sr. Weasley hesitou. Por mais zangado que estivesse com Fred e Jorge, ele não pretendera realmente contar à Sra. Weasley o que tinha acontecido. Fez-se silêncio, enquanto o Sr. Weasley encarava a esposa, nervoso.
Então duas meninas apareceram à porta da cozinha atrás da Sra. Weasley, Hermione e a Gina sorriram para Harry, que retribuiu o sorriso, fazendo Gina ficar escarlate, ela tinha uma paixonite por Harry desde a primeira visita dele à Тоса.
Contar o quê, Arthur? - Repetiu a Sra. Weasley, num tom de voz perigoso.
- Não é nada, Molly- Resmungou o marido. - Fred e Jorge... mas eu já tive uma conversa com eles...
- Que foi que eles fizeram desta vez? - Perguntou a Sra. Weasley. - Se foi alguma coisa relacionada com as "Gemialidades" Weasley...
- Por que você não mostra ao Harry aonde ele vai dormir, Rony? - Sugeriu Hermione da porta.
- Ele já sabe aonde vai dormir - respondeu Rony. - No meu quarto, foi lá que dormiu da última...
- Então todos podemos ir - disse Hermione, sublinhando as palavras.
- Ah - fez Rony, entendendo. - Certo.
- É, nós também vamos - disse Jorge.
- Vocês ficam onde estão! - Vociferou a Sra. Weasley.
-Luana você não vem?- Perguntou Gina se virando para a amiga.
-Não, eu vou ficar de apoio.- Cochichou a última parte para só a menor ouvir, que respondeu com um aceno de cabeça.
Harry e Rony saíram de fininho da cozinha e seguiram com as meninas pelo corredor, escapando de minha visão.
Fiquei ouvindo toda a discussão, foi bem chato, eu nem tive coragem de me intrometer dessa vez, acho que é mais uma discussão familiar então não pude intervir a favor dos gêmeos, mas fiquei dando sinais de apoio, bem de longe da senhora Weasley.
- Vamos comer no jardim - disse ela quando os garotos voltaram. - Não há lugar para 12 pessoas aqui dentro. Podem levar os pratos para fora, meninas? Gui e Carlinhos estão armando as mesas. Facas e garfos, por favor, vocês dois - disse ela à Rony e Harry, e apontou a varinha com um pouco mais de força do que pretendera para um monte de batatas na pia, que saíram da casca demasiado depressa e acabaram ricocheteando nas paredes e nos tetos.
-Hermione pode levar isso lá fora por favor.- Virei para Hermione que pegou tudo e saiu junto com os outros. Bom agora que só estamos eu e ela vou tentar conversa.
"Ah, pelo amor de Deus! ", exclamou ela, agora apontando a varinha para uma pá, que saltou de lado e começou a patinar pelo piso, recolhendo as batatas. "Aqueles dois! ", explodiu ela furiosa, agora tirando tachos e panelas de um armário.
-Molly chega de descontar a raiva nessas batatas, você sempre me ouve quando preciso conversa e eu sempre vou ouvi-la, quer desabafar?- Ela se sentou em uma cadeira e suspirou, logo me sentei perto da mesma.
-Não sei o que vai ser deles, realmente não sei. Não têm ambição, a não ser que se leve em conta toda confusão que são capazes de aprontar.... Não é que não tenham inteligência - continuou ela irritada.- Mas estão desperdiçando a que têm e, a não ser que tomem jeito depressa, vão se meter em apuros. -Suspirou cansada.- Já recebi mais corujas de Hogwarts a respeito dos dois do que de todos os outros juntos. Se continuarem assim, vão terminar tendo que comparecer à Seção de Controle do Uso Indevido da Magia.
-Molly, você já ouviu o que eles têm a falar. Quero dizer.... Já tentou ver o ponto de vista deles.- Falei enquanto pegava em sua mão como sinal de apoio.- Isso é o sonho deles, eles realmente se dedicaram muito nas aulas de poções para aprender tudo isso e realmente pode funcionar.
-Como podem ter certeza que irá funcionar? O que farão se não conseguirem?- Perguntou ainda com um tom preocupado.
-Eles iram conseguir pois se dedicam muito no futuro que querem.- Disse a olhando nos olhos.- E supondo que não consigam mais do que nunca eles vão precisar do apoio da família. Molly não deixe que seus medos impeçam o sonho deles.- Depois de me pronunciar fui até a mesma e a abracei, logo me afastei e saindo da Toca, deixando com seus pensamentos.
Quando saiu da casa ouviu um som de coisas que batiam do outro lado. A origem do barulho surgiu quando ela entrou no jardim e viu Gui e Carlinhos, de varinhas em punho, fazendo duas mesas velhas voarem alto pelo gramado e colidirem, cada qual tentando derrubar a outra no chão. Fred e Jorge aplaudiam; Gina ria e Hermione estava parada junto à sebe, pelo jeito dividida entre o riso e a aflição.
Às sete horas, as duas mesas rangiam sob o peso de travessas e mais travessas da excelente comida da Sra. Weasley, e os nove Weasley, Harry, Luana e Hermione se sentaram para jantar sob um céu azul-escuro e limpo. Na ponta da mesa, Percy contava ao pai todos os detalhes do seu relatório sobre os fundos dos caldeirões.
- Eu prometi ao Sr. Crouch que aprontaria o relatório até terça-feira - dizia Percy pomposo. - É um pouco mais cedo do que ele pediu, mas gosto de estar um passo à frente. Acho que ele ficará agradecido por eu ter terminado em menos tempo. Quero dizer, há muito trabalho em nosso departamento neste momento, com todas as providências para a Copa Mundial. Não estamos recebendo a colaboração necessária do Departamento de Jogos e
Esportes Mágicos. Ludo Bagman...
- Eu gosto do Ludo - disse o Sr. Weasley em tom ameno. - Foi ele que nos arranjou aqueles excelentes lugares para a Copa.
Eles fiaram conversando até Percy começar um novo assunto.
-Temos muito como que nos preocupar no Departamento de Cooperação Internacional em Magia sem ficar tentando achar funcionários de outros departamentos. Como o senhor sabe, já temos outro grande evento para organizar logo depois da Copa.- Ele pigarreou cheio de importância e olhou para a ponta da mesa em que Harry, Rony e Hermione estavam sentados. - O senhor sabe do que estou falando, papai. - E alteou ligeiramente a voz. - O evento secreto.
Rony girou os olhos para o alto, e murmurou algo para Harry e Hermione. No centro da mesa, a Sra. Weasley discutia com Gui por causa do brinco, que aparentemente era uma aquisição recente.
- ... com um canino horroroso pendurado, francamente Gui, que é que eles dizem lá no banco?
- Mamãe, ninguém lá no banco liga a mínima para a roupa que eu uso desde que eu traga muito ouro para eles - disse Gui pacientemente.
- E seus cabelos estão sem corte, querido - disse a Sra. Weasley passando os dedos, carinhosamente, pelos cabelos do filho. - Gostaria que você me deixasse aparar...
- Eu gosto deles assim - disse Gina, que estava sentada ao lado de Gui. - Você é tão antiquada, mamãe. Mesmo desse tamanho, eles não chegam nem perto do comprimento dos cabelos do Prof. Dumbledore...
Ao lado da Sra. Weasley estava Fred, Jorge e Carlinhos. Os meninos estavam discutiam animadamente a Copa Mundial.
- Vai ser da Irlanda - disse Carlinhos com a voz engrolada por causa das batatas que lhe enchiam a boca. - Eles acabaram com o Peru nas semifinais.
- Mas a Bulgária tem o Vítor Krum - comentou Fred.
- O Krum é apenas um jogador decente, a Irlanda tem sete - cortou Carlinhos. - Mas eu gostaria que a Inglaterra tivesse passado para as finais. Foi um vexame, ah, foi.
- Que aconteceu? - Perguntei curiosa pois não havia lido o jornal no qual falava os pontos.
- Perdeu para a Transilvânia, por trezentos e noventa a dez - disse Carlinhos sombriamente. - Um desempenho sinistro. E Gales perdeu para Uganda, e a Escócia foi massacrada por Luxemburgo.
Algum tempo depois...
O Sr. Weasley conjurou velas para clarear o jardim antes de comerem a sobremesa (sorvete de morangos feito em casa), e na altura em que o jantar terminou, as mariposas voavam baixo sobre a mesa e o ar morno estava perfumado com o aroma de relva e madressilvas.
Olhei cautelosamente, pela mesa, verificando se o resto da família estava entretida conversando, depois perguntei baixinho a Harry:
- Então... tem tido notícias de Sirius ultimamente?
Hermione olhou para os lados, apurando os ouvidos.
- Tenho - disse Harry baixinho -, duas vezes. Dá a impressão de que está bem. Escrevi para ele anteontem. Talvez receba resposta enquanto estou aqui.- Acenei com a cabeça e lhe direcionei um sorriso.
- Gente, olhe as horas! - Exclamou subitamente a Sra. Weasley, consultando o relógio de pulso. - Vocês deviam estar na cama, todos vocês, vão ter que acordar quase de madrugada para ir à Copa. Harry, se você deixar a sua lista de material escolar, eu compro tudo para você amanhã, no Beco Diagonal. Vou comprar o dos meus meninos. Talvez não haja tempo depois da Copa Mundial, da última vez o jogo durou cinco dias.
- Uau... espero que aconteça o mesmo desta vez! - Exclamou Harry entusiasmado.
- Eu espero que não - disse Percy, virtuosamente. - Estremeço só de pensar no estado da minha caixa de entrada se eu me ausentar cinco dias do trabalho.
- É, alguém poderia deixar bosta de dragão nela outra vez, hein, Percy? - Comentou Fred.
- Aquilo foi uma amostra de fertilizante da Noruega! - Protestou Percy, corando. - Não foi nada pessoal!
- Foi - Cochichei para Harry, quando nos levantamos da mesa.- Foi eu e os gêmeos que mandamos.- Falei e demos algumas risadas.
No dia seguinte...
18/08/1994
Ouvi um barulho e logo vi a porta do quarto de Gina ser aberta pela Molly que foi acordando uma em uma, dizendo que está na hora de acorda para a Copa de Quadribol. Quando a ouvi dizer isso me levantei cansada mais animada e logo fui ao banheiro fazer minhas higienes e tomar um banho. Por precaução resolvi trocar de roupa lá no banheiro mesmo. Depois sai e fui até a cozinha ajudar a Sra. Weasley com algumas coisas.
A Sra. Weasley estava mexendo o conteúdo de um grande tacho em cima do fogão, enquanto o Sr. Weasley, sentado à mesa, verificava um maço de grandes bilhetes de entrada em pergaminho. Ergui os olhos quando os garotos chegaram e viram as roupas que o Arthur estava usando.
- Que é que vocês acham? - Perguntou ansioso. - Temos que ir disfarçados estou parecendo um trouxa, Harry?
- Está - aprovou Harry sorrindo - muito bom.
- Onde estão Gui, Carlinhos e Per-Per-Percy? - Perguntou Jorge, incapaz de reprimir um enorme bocejo.
- Ora, eles vão aparatar, certo? - Disse a Sra. Weasley, carregando um panelão para cima da mesa e começando a servir o mingau de aveia nos pratos fundos. - Logo, eles podem dormir mais um pouco.
- Então eles ainda estão na cama? - Concluiu Fred mal-humorado, puxando um prato de mingau para perto. - Por que não podemos aparatar também?
- Porque ainda são menores e ainda não prestaram o exame - respondeu a Sra. Weasley. - E onde foi que se meteram essas meninas?- Perguntou se virando para mim.
-Já deveriam ter decido, provavelmente voltaram a dormir.- Falei mordiscando uma maçã. Ela saiu apressada da cozinha, todos a ouviram subir as escadas.
- A pessoa tem que prestar um exame para poder aparatar? - Perguntou Harry.
- Ah, tem - respondeu o Sr. Weasley, guardando as entradas cuidadosamente no bolso traseiro da jeans. - O Departamento de Transportes Mágicos teve que multar umas pessoas, ainda outro dia, por aparatarem sem licença. Não é fácil aparatar e quando não se faz corretamente pode acarretar complicações desagradáveis. Esses dois de que estou falando se racharam ao meio.
Todos ao redor da mesa fizeram uma careta, menos Harry.
- Hum... racharam? - Admirou-se Harry.
- Deixaram metade do corpo para trás - explicou o Sr. Weasley, agora acrescentando várias colheradas de caramelo ao mingau. - E, é claro, ficaram entalados. Não conseguiram avançar nem retroceder. Tiveram que esperar pelo Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais para resolver o problema. E vou dizer mais, foi preciso preencher uma enorme papelada, por causa dos trouxas que encontraram as partes do corpo que eles deixaram para trás...
- E eles ficaram O.K.? - Perguntou o garoto, assustado.
- Ah, claro - Respondeu o Sr. Weasley factualmente. - Mas receberam uma multa pesada e acho que não vão tentar fazer isso outra vez quando estiverem com pressa. Não se brinca com aparatação. Há muitos bruxos adultos que nem experimentam. Preferem vassouras, mais lentas, porém mais seguras.
- Mas Gui, Carlinhos e Percy, todos sabem aparatar?
- Carlinhos teve que prestar exame duas vezes - disse Fred sorrindo. - Levou bomba na primeira vez, aparatou a oitenta quilômetros do ponto que queria, bem em cima de uma pobre velhinha que estava fazendo compras, lembram?
- Foi, mas ele passou da segunda vez - disse a Sra. Weasley, voltando à cozinha em meio as risadas do local.
- Percy só passou há duas semanas - disse Jorge. - Desde esse dia tem aparatado todas as manhãs aqui embaixo, para provar que sabe.
Ouviram-se passos no corredor, e Hermione e Gina entraram na cozinha, as duas pálidas e cheias de preguiça.
-Bom dia dorminhocas.- Brinquei olhando para as meninas.
-Luana como você consegue fazer isso? Acorda cedo sem reclamar.- Perguntou Gina.
-Faço isso desde a primeira vez que fui para Hogwarts.- Falei nostálgica.
- Por que temos que levantar tão cedo? - Perguntou Gina, esfregando os olhos e se sentando à mesa.
- Temos que andar um bom pedaço. - respondeu o Sr. Weasley.
- Andar? - Espantou-se Harry. - O quê, vamos a pé para a Copa Mundial?
- Não, não, a Copa vai ser a quilômetros daqui - disse o Sr. Weasley, sorrindo. - Só precisamos andar um pedacinho. É que é muito difícil um grande número de bruxos se reunir sem chamar a atenção dos trouxas. Temos que tomar muito cuidado com o modo de viajar até em tempos normais e numa ocasião grandiosa como a Copa Mundial de Quadribol...
- Jorge! - Chamou a Sra. Weasley rispidamente e todos se assustaram.
- Quê? - Perguntou Jorge, num tom de inocência que não enganou ninguém.
- Que é isso no seu bolso?
- Nada!
- Não minta para mim!- A Sra. Weasley apontou a varinha para o bolso de Jorge e disse:- Accio!
Vários objetos pequenos e vivamente coloridos dispararam para fora do bolso de Jorge; o garoto tentou segurá-los, mas não conseguiu, e eles foram parar direto na mão estendida da Sra. Weasley.
- Mandamos vocês destruírem isso! - Disse ela furiosa mostrando indiscutíveis Caramelos Incha-Língua. - Mandamos vocês se desfazerem de todos. Esvaziem os bolsos, vamos, os dois!
Foi uma cena desagradável; os gêmeos evidentemente tinham tentado contrabandear o maior número possível de caramelos para fora da casa e somente usando um Feitiço Convocatório a Sra. Weasley conseguiu encontrar todos.
- Accio! Accio! Accio! - Gritava ela e os caramelos voavam dos lugares mais improváveis, inclusive do forro da jaqueta de Jorge e das barras da jeans de Fred.
- Gastamos seis meses para inventar esses caramelos - gritou Fred para a mãe, quando ela os jogou no lixo.
- Que bela maneira de gastar seis meses! - Guinchou a mãe. - Não admira que não tivessem obtido mais NOMs!
No todo, o clima não estava muito simpático quando partirmos. A Sra. Weasley continuava enfurecida quando beijou o rosto do marido, mas não tanto quanto os gêmeos, que tinham posto as mochilas às costas e saído sem dizer uma palavra à mãe.
- Bom, divirtam-se - desejou a Sra. Weasley - e se comportem - gritou para os gêmeos que se afastavam, mas eles não se viraram nem responderam. - Vou mandar Gui, Carlinhos e Percy por volta do meio-dia - avisou a Sra. Weasley ao marido quando ele, Harry, Rony, Hermione e Gina começaram a atravessar o gramado escuro atrás de Fred, Jorge e Luana.
Fazia frio e a lua ainda estava no céu. Apenas um esverdeado-claro no horizonte, à direita deles, denunciava que em breve amanheceria
-Ei olhem pelo lado bom.- Falei me aproximando dos gêmeos.
-Qual Lu? Dessa vez não tem.- Respondeu Jorge bravo.
-Claro que tem.- Olhei em volta vendo se tinha alguém nos ouvindo, logo me virei para os gêmeos abrindo a mão e revelando uma pequena embalagem de Caramelo Incha-língua. Os gêmeos olharam surpresos, mas logo deram sorrisos.
-Quando consegui "salvar" esse?- Perguntou Fred feliz pegando o caramelo.
-No teste que vocês fizeram em mim.- Falei lançando um olhar debochado nos mesmos.- Eu tinha guardado um para mostrar a Luna mas parece que vocês precisam mais dele que eu.- Falei fazendo um sorriso.
-Espera.... Você ia roubar um dos nossos caramelos?- Perguntou Jorge sério.
-Considerando que eu fui a cobaia eu tinha o direito de uma recompensa.- Falei a primeira desculpa que pensei.
Os gêmeos se olharam por um tempo.- Está certo, aceitamos sua desculpa.- Falou Fred brincalhão colocando o braço no meu pescoço e Jorge fez o mesmo do outro lado. Logo voltamos para perto do senhor Weasley que conversava com Harry.
- Que tipo de objetos são esses portais? - Perguntou Harry curioso.
- Podem ser qualquer coisa - respondeu o Sr. Weasley. - Coisas discretas, obviamente, para os trouxas não as pegarem e saírem brincando com elas... coisas que eles simplesmente considerem lixo...
O grupo caminhava pela vereda escura e úmida que levava ao povoado, o silêncio quebrado apenas pelo eco de seus passos. O céu foi clareando muito devagarinho quando eles atravessaram o povoado, o azul-tinta se dissolvendo em azul-escuro. O Sr. Weasley não parava de consultar o relógio. Eles já estavam sem fôlego para conversar quando começaram a subir o morro Stoatshead, tropeçavam ocasionalmente em tocas de coelho escondidas, escorregavam em grossos tufos de grama escura.
- Ufa! - Ofegou o Sr. Weasley, tirando os óculos e secando-os no suéter. - Bom, fizemos um bom tempo, ainda temos dez minutos...
- Aqui, Arthur! Aqui, filho, achamos!
Duas pessoas surgiram recortados contra o céu estrelado, do outro lado do morro.
- Amos! - Exclamou o Sr. Weasley, encaminhando-se sorridente para o homem que gritara.
Os garotos o acompanharam.
O Sr. Weasley apertou as mãos de Amos Diggory que segurava em uma das mãos uma bota velha de aparência mofada.
- Este é Amos Diggory, pessoal - apresentou-o o Sr. Weasley. - Trabalha no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. E acho que vocês conhecem o filho dele, Cedrico?
-Olá a todos.
Todos retribuíram o "Oi", exceto Fred e Jorge, que apenas acenaram com a cabeça. Eles nunca haviam perdoado Cedrico por derrotar o time da Grifinória, no primeiro jogo de quadribol do ano anterior.
-Oi Luana.- Falou chegando perto de mim.
-Oi Cedi.- Falei logo lhe dando um abraço. Nos separamos e vi a expressão surpresa dos mais novos.
-Vocês já se conhecem?- Perguntou Gina surpresa.
-Nos conhecemos no expresso de Hogwarts no nosso primeiro ano.- Falou com uma expressão de nostalgia.
- Uma longa caminhada, Arthur? - Perguntou o pai de Cedrico.
- Não foi tão ruim assim - respondeu o Sr. Weasley. - Moramos logo ali do outro lado do povoado. E você?
- Tivemos que nos levantar às duas, não foi, Cedrico? Confesso que vou ficar satisfeito quando ele passar no exame de aparatação. Mas... não estou me queixando... a Copa Mundial de Quadribol, eu não a perderia nem por um saco de galeões, e é mais ou menos quanto custam as entradas. Mas, pelo visto, parece que me saiu barato... - Amos Diggory mirou bem-humorado os três garotos Weasley, Harry, Hermione e Gina. - São todos seus, Arthur?
- Ah, não, só os ruivos - esclareceu o Sr. Weasley apontando os filhos. - Esta é Hermione, amiga de Rony.- Está é a Luana.
-A me lembro da senhorita, a última vez que a vi, foi quando estava jogando quadribol lá em casa com Cedrico. É muito bom revela.- Falou olhando para mim com um sorriso que logo retribui.
-Também é muito bom revelo senhor Diggory.
-E esse é o Harry...- Continuou o Sr Weasley.
- Pelas barbas de Merlim! - Exclamou Amos Diggory arregalando os olhos. - Harry? Harry Potter?
- Hum... é - respondeu o garoto.
Ced nos falou de você, naturalmente - disse Amos Diggory. - Nos contou tudo sobre a partida que jogaram com vocês no ano passado... Eu disse a ele: Ced, isto vai ser uma história para contar aos seus netos, ah, vai... você derrotou Harry Potter!
Harry não conseguiu pensar em nenhuma resposta a esse comentário, por isso ficou calado.
Fred e Jorge amarraram a cara outra vez. Cedrico pareceu ligeiramente encabulado.
- Harry caiu da vassoura, papai - murmurou ele. - Contei a você... foi um acidente...
- É, mas você não caiu, não é mesmo? - Rugiu Amos jovialmente, dando uma palmada nas costas do filho. - Sempre modesto, o nosso Ced, sempre cavalheiro... mas venceu o melhor, tenho certeza de que Harry diria o mesmo, não é? Um cai da vassoura, um continua montado, não é preciso ser gênio para saber quem voa melhor!
- Deve estar quase na hora - disse o Sr. Weasley depressa, puxando o relógio do bolso mais uma vez. - Você sabe se temos que esperar mais alguém, Amos?
- Não, os Lovegood já estão lá há uma semana e os Fawcett não conseguiram entradas - Disse o Sr. Diggory. - Não tem mais gente nossa na área, tem?
- Não que eu saiba. É, falta um minuto... é melhor nos prepararmos...
Ele olhou para Harry e Hermione.
- Vocês só precisam tocar na Chave de Portal, só isso, basta um dedo...
Com dificuldade, por causa das volumosas mochilas, os nove se agruparam em torno da velha bota que Amos Diggory segurava.
Todos ficaram parados ali, num círculo fechado, sentindo a brisa gélida que varria do morro. Ninguém falava. De repente ocorreu a Harry como pareceria estranho se um trouxa subisse até ali naquele momento... nove pessoas, dois adultos, segurando uma bota velha de pano, ao amanhecer, esperando...
- Três... - murmurou o Sr. Weasley, com o olho ainda no relógio - dois... um...
Aconteceu instantaneamente. Tive a sensação de que um gancho dentro do seu umbigo fora irresistivelmente puxado para a frente. Meus pés deixaram o chão; e o dedo indicador estava grudado na bota como se esta o atraísse-me magneticamente para a frente, e então.... Meus pés bateram no chão.
Rony deu um encontrão no Harry que caiu; a Chave de Portal despencou no chão do lado da cabeça dele com um baque forte. Harry ergueu os olhos. O Sr. Weasley, o Sr. Diggory e Cedrico continuavam parados, embora com a aparência de terem sido varridos pelo vento; os demais estavam caídos no chão.
Cedrico veio ao meu encontro e me ajudou a levantar.
-Obrigada, não vejo a hora de aprender a aparatar.- Falei colocando a mão na cabeça.
Chegando lá, nos despedimos dos Diggory e fomos até nossa parte do acampamento. Avançamos lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas. A maioria parecia quase normal, os donos tinham visivelmente tentado o possível para fazê-las parecer equipamento de trouxas, embora tivessem cometido alguns deslizes ao acrescentarem chaminés ou cordões de sinetas ou cata-ventos. No meio do campo, havia uma extravagante produção de seda listrada como um palácio em miniatura, com vários pavões vivos amarrados à entrada. Um pouco adiante, eles passaram por uma barraca que tinha três andares e várias torrinhas; e, mais além, havia uma outra com um jardim anexo, completo, com banho para passarinhos, relógio de sol e fonte.
- Sempre os mesmos - comentou o Sr. Weasley sorrindo -, não conseguimos deixar de nos exibir quando nos reunimos. Ah, lá está, olhem, aquela é a nossa.
Tinham alcançado a orla da floresta no alto do campo, e ali havia uma área livre com um pequeno letreiro enfiado no chão em que se lia "Weezly".
- Não podíamos ter ganhado um lugar melhor! - Exclamou o Sr. Weasley feliz. - O campo preparado para as partidas é logo do outro lado da floresta, estamos o mais perto que poderíamos estar. - Ele descarregou a mochila dos ombros. - Certo - disse animado.- Agora rigorosamente falando, nada de mágicas, não quando estamos no mundo dos trouxas em tão grande número. Vamos armar estas barracas à mão! Não deve ser muito difícil.... Os trouxa fazem isso o tempo todo... tome, Harry, por onde você acha que devo começar?
Depois de algum tempo.
Todos se afastaram para admirar a habilidade manual deles, finalmente conseguiram erguer duas barracas modestas.
- Vamos ficar meio apertados - comentou ele -, mas acho que vai dar para nos espremermos. Venham dar uma olhada.
Entraram em uma barraca que parecia um apartamento antigo de três quartos, completo, com banheiro e cozinha.
- Bom, não é para muito tempo - disse o Sr. Weasley, secando a careca com um lenço e espiando as quatro camas-beliches que havia no quarto. - Pedi a barraca emprestada ao Perkins, lá do escritório. Ele não acampa muito atualmente, coitado, está com lumbago.
O Sr. Weasley apanhou uma chaleira empoeirada e espiou dentro.- Vamos precisar de água...
- Tem uma torneira assinalada no mapa que o trouxa nos deu - disse Rony, que seguira Harry para dentro da barraca.- Fica do outro lado do campo.
- Bom, então por que você, Harry e Hermione não vão apanhar um pouco de água... - o bruxo entregou aos garotos a chaleira e duas caçarolas - ... e nós vamos apanhar lenha para fazer uma fogueira?
- Mas temos um forno - lembrou Rony -, por que não podemos...?
- Rony, segurança antitrouxa! - Disse o Sr. Weasley, o rosto brilhando de expectativa. - Quando os trouxas de verdade acampam, eles cozinham em fogueiras ao ar livre, já os vi fazendo isso!
Os meninos saíram e depois de um tempão finalmente voltaram.
- Vocês demoraram uma eternidade - comentou Jorge, quando eles finalmente chegaram às barracas dos Weasley.
- Encontramos alguns conhecidos - disse Rony, pousando as vasilhas de água. - Você ainda não acendeu a fogueira?
- Papai está se divertindo com os fósforos - disse Fred.
O Sr. Weasley não estava tendo o menor sucesso em acender a fogueira, mas não era por falta de tentativas. Fósforos partidos coalhavam o chão ao seu redor, mas ele parecia estar se divertindo como nunca.
- Opa! - Exclamou ele, ao conseguir acender um fósforo, mas largou-o na mesma hora no chão, surpreso.
- Chegue aqui, Sr. Weasley - disse Hermione bondosamente, tirando a caixa das mãos dele e começando a mostrar como fazer fogo direito.
Finalmente, eles acenderam a fogueira, embora levasse no mínimo mais uma hora até ela esquentar o suficiente para cozinhar alguma coisa. Mas havia muito que ver enquanto esperavam. A barraca deles estava armada ao longo de uma espécie de rua de acesso ao campo de quadribol, por onde funcionários do Ministério corriam para cima e para baixo, cumprimentando cordialmente o Sr. Weasley ao passar. O Sr. Weasley fazia comentários contínuos, principalmente para benefício de Harry e Hermione; Luana e os outros já conheciam bastante o Ministério para se interessar.
- Aquele era Cutberto Mockridge, chefe da Seção de Ligação com os Duendes... lá vem Gilberto Wimple, ele trabalha na Comissão de Feitiços Experimentais, já usa aqueles chifres há algum tempo... Alô, Arnaldinho... Arnaldo Peasegood, ele é um obliviador, trabalha no Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais, sabe... e aqueles outros são Bode e Croaker... são dois inomináveis...
- São o quê? - Perguntou Hermione.
- Do Departamento de Mistérios, ultrassecretos, não tenho a menor ideia do que fazem.... Finalmente, a fogueira ficou pronta e eles já haviam começado a preparar salsichas com ovos quando Gui, Carlinhos e Percy saíram caminhando da floresta para se reunirem à família.
- Acabei de aparatar, papai - disse Percy em voz alta. - Ah, que excelente almoço! Já haviam comido metade das salsichas com ovos quando o Sr. Weasley se levantou de um salto, acenando e sorrindo para um homem que vinha em sua direção.
- Ah-ah! - Exclamou ele. - O homem do momento! Ludo!
Ludo Bagman era, sem favor algum, o homem muito chamativo. Usava longas vestes de quadribol com grandes listras horizontais amarelas e pretas. Uma enorme estampa de uma vespa tomava todo o seu peito. Tinha a aparência de um homem corpulento que parara de se exercitar; suas vestes estavam muito esticadas por cima da enorme barriga, mais os redondos olhos azuis, os cabelos louros curtos e a pele rosada o faziam parecer um menino de escola que crescera demais.
- Olá, pessoal! - Exclamou Bagman alegremente. Andava como se tivesse molas nas solas dos pés, era visível que estava num estado de extrema excitação.
"Arthur, meu velho", ofegou ele, ao chegar à fogueira, "que dia, hein? Será que podíamos ter desejado um tempo mais perfeito? Uma noite sem nuvens... e quase nenhum problema na programação... quase nada para eu fazer! "
Percy adiantou-se rapidamente com a mão estendida. Pelo jeito o fato de desaprovar o modo de Ludo Bagman dirigir o departamento, não o impedia de querer causar boa impressão.
- Ah... sim - disse o Sr. Weasley, sorrindo -, este é o meu filho, Percy, começou a trabalhar no Ministério agora, e este é Fred, não, Jorge, desculpe, esse é o Fred... Gui, Carlinhos, Rony... minha filha, Gina... e os amigos de Rony, Luana Lovegood, Hermione Granger e Harry Potter.
- Pessoal - continuou o Sr. Weasley -, este é Ludo Bagman, vocês sabem quem ele é, e é graças a ele que temos entradas tão boas...
Bagman abriu um sorriso de lado a lado do rosto e fez um gesto com a mão significando que não fora nada.
- Quer arriscar uma apostinha no jogo, Arthur? - Perguntou ele ansioso, sacudindo, ao que parecia, um bocado de ouro nos bolsos das vestes amarelas e pretas. - Já aceitei a aposta de Roddy Pontner de que a Bulgária vai marcar primeiro, ofereci a ele uma boa vantagem, levando em conta que os três jogadores avançados da Irlanda são os mais fortes que já vi em anos, e a pequena Ágata Timms apostou meia cota da fazenda de enguias de que a partida vai durar uma semana.
- Ah... vá lá, então - disse o Sr. Weasley. - Vejamos... um galeão na vitória da Irlanda?
- Um galeão? - Ludo Bagman pareceu ligeiramente desapontado, mas se recuperou: - Muito bem, muito bem... mais alguma aposta?
- Eles são um pouco jovens demais para andar jogando - disse o Sr. Weasley. - Molly não gostaria...
- Nós apostamos trinta e sete galeões, quinze sicles e três nuques - disse Fred, ao mesmo tempo em que ele e Jorge juntavam rapidamente todo o dinheiro que tinham - que a Irlanda ganha, mas Vítor Krum captura o pomo. Ah, e damos uma varinha falsa de lambujem.
- Vocês não vão querer mostrar ao Sr. Bagman esse lixo - sibilou Percy, mas o bruxo não pareceu achar que a varinha era lixo; muito ao contrário, seu rosto de colegial iluminou-se de excitação ao recebê-la das mãos de Fred e, quando a varinha deu um cacarejo e se transformou em uma galinha de borracha, Bagman caiu na gargalhada.
- Excelente! Não vejo uma varinha tão convincente há anos! Eu pagaria cinco galeões por uma dessas!
Percy ficou paralisado, numa atitude de indignada desaprovação.
- Meninos - disse o Sr. Weasley entre dentes -, não quero vocês jogando... isto é tudo que economizaram... sua mãe...
- Não seja estraga prazeres, Arthur! - Ludo Bagman excitado, sacudindo as moedas nos bolsos. - Eles já são bem grandinhos para saber o que querem! Vocês acham que a Irlanda vai vencer, mas Krum vai capturar o pomo? Nem por milagre, moleques, nem por milagre.... Vou dar uma excelente vantagem nessa... e acrescentar mais cinco galeões por essa varinha marota, concordam...
O Sr. Weasley ficou olhando sem ação enquanto Ludo Bagman puxava um caderninho e uma pena e começava a anotar os nomes dos gêmeos.
- Tchau - disse Jorge, apanhando o pedaço de pergaminho que Bagman lhe estendia e guardando-o no peito das vestes.
Bagman virou-se animadíssimo para o Sr. Weasley.
- Daria para me fazer um chá, suponho? Estou de olho para ver se localizo Crouch. O meu contraparte búlgaro está criando dificuldades e não consigo entender uma palavra do que ele diz. Bartô poderia resolver o problema, fala umas cento e cinquenta línguas.
- O Sr. Crouch? - Disse Percy, abandonando subitamente o seu ar de impassível desaprovação e quase se contorcendo de óbvia excitação. - Ele fala mais de duzentas! Serêiaco, grugulês, trasgueano...
- Qualquer um sabe falar trasgueano - disse fazendo pouco -, é só a gente apontar e grunhir.
Percy lançou-me um olhar feiíssimo e atiçou os gravetos da fogueira vigorosamente para fazer a chaleira ferver.
Percy estendeu a Bagman o chá pedido.
Um bruxo acabara de aparatar junto à fogueira, e não poderia oferecer um contraste maior a Ludo Bagman, estirado na grama com as vestes velhas do Wasp. Bartô era um homem mais velho, formal, empertigado, vestido com um terno e uma gravata impecáveis. A risca nos seus cabelos grisalhos e curtos era quase absurdamente reta e o bigode fino de escovinha parecia ter sido aparado com uma régua. Seus sapatos eram exageradamente lustrosos. Percy acreditava piamente em obedecer às regras sem fazer concessões, e o Sr. Crouch obedecera à regra de se vestir como trouxa tão rigorosamente que poderia ter passado por gerente de banco.
- Estrague um pouco a grama, Bartô - disse Ludo animadamente, batendo no chão.
- Não, muito obrigado - respondeu Crouch, e havia um vestígio de impaciência em sua voz.
- Estive procurando-o por toda parte. Os búlgaros insistem que coloquemos mais doze cadeiras no camarote de honra.
- Ah, é isso que eles querem? - Exclamou Bagman. - Achei que o sujeito estava pedindo uma pinça emprestada. Sotaque forte o dele.
- Mr. Crouch! - Disse Percy sem fôlego, curvando-se numa espécie de meia reverência que o fez parecer corcunda. - O senhor aceita uma xícara de chá?
- Ah - exclamou o bruxo, olhando surpreso para Percy. - Claro... obrigado, Weatherby.
Fred e Jorge e eu nos engasgamos com essa cena. Percy com as orelhas muito rosadas, ocupou-se com a chaleira e logo ofereceu ao Bartô.
- Então, muito ocupado, Bartô? - Perguntou Bagman despreocupadamente.
- Bastante - respondeu o outro seco. - Organizar chaves de portal em cinco continentes não é uma tarefa qualquer, Ludo.
- Imagino que os dois vão ficar contentes quando o evento acabar - comentou o Sr. Weasley.
Ludo Bagman pareceu chocado.
- Contente! Não me lembro de ter me divertido tanto... ainda assim, não é que não haja mais trabalho pela frente, hein, Bartô? Hein? Muita coisa ainda para organizar, hein?
O Sr. Crouch ergueu as sobrancelhas para Bagman.
- Combinamos não anunciar nada até todos os detalhes...
- Ah, os detalhes! - Exclamou Bagman, afastando a palavra como se fosse uma nuvem de mosquitos. - Eles já assinaram, então? Concordaram? Aposto o que você quiser como esses garotos vão saber logo. Quero dizer, vai acontecer em Hogwarts...
- Ludo, precisamos receber os búlgaros, sabe - disse o Sr. Crouch bruscamente, cortando os comentários de Bagman. - Obrigado pelo chá, Weatherby.
Ele devolveu a Percy a xícara de chá intocada e esperou Ludo se levantar; Bagman se pôs em pé com dificuldade, virando o restinho de chá, o ouro em seus bolsos tilintando alegremente.
- Vejo vocês todos mais tarde! - Disse ele. - Vão ficar no camarote de honra comigo, vou comentar o jogo! - Ele acenou, Bartô Crouch fez um movimento rápido com a cabeça e os dois desaparataram.
- Que é que vai acontecer em Hogwarts, papai? - Perguntou Fred na mesma hora. - Do que é que eles estavam falando?
- Você vai descobrir logo - disse o Sr. Weasley sorrindo.
- É informação privilegiada, até o Ministério achar conveniente comunicá-la - disse Percy empertigado. - O Sr. Crouch estava certo em não querer revelar nada.
- Ah, cala a boca, Weatherby - disse Fred.
Ambulantes aparatavam a cada metro, trazendo bandejas e empurrando carrinhos cheios de extraordinárias mercadorias. Havia rosetas luminosas verdes para a Irlanda, vermelhas para a Bulgária que gritavam os nomes dos jogadores, chapéus verdes cônicos enfeitados com trevos dançantes, echarpes búlgaras adornadas com leões que rugiam de verdade, bandeiras dos dois países que tocavam os hinos nacionais quando eram agitadas; havia miniaturas de Firebolts, que realmente voavam, e figurinhas colecionáveis dos jogadores famosos, que andavam se exibindo nas palmas das mãos.
Embora Rony já tivesse comprado um chapéu com trevos dançantes e uma grande roseta verde, comprou também uma figurinha de Vítor Krum, o apanhador búlgaro. O brinquedo andava para a frente e para trás na mão do garoto, amarrando a cara para a roseta verde acima. Harry comprou algumas coisas que dividiu com o resto do trio.
Voltamos na barraca e vimos Gui, Carlinhos e Gina também estavam usando rosetas verdes, e o Sr. Weasley carregava uma bandeira da Irlanda.
Fred e Jorge não compraram suvenires porque tinham entregado todo o dinheiro a Bagman.
-Comprei isso para vocês.- Disse entregando dois chapéus de trevos dançantes aos gêmeos.
-Nossa, obrigado Luana.- Ambos disseram para mim.
Então, ouvimos um gongo, grave e ensurdecedor, bater em algum lugar além da floresta e, na mesma hora, lanternas verdes e vermelhas se acenderam entre as árvores, iluminando o caminho até o campo.
- Está na hora! - Exclamou o Sr. Weasley, parecendo tão excitado quanto os garotos. - Andem logo, vamos!
Agarramos às compras, o Sr. Weasley à frente, todos correram para a floresta seguindo o caminho iluminado pelas lanternas. Ouviam a algazarra de milhares de pessoas que se movimentavam à volta deles, gritos, gargalhadas e trechos de canções. A atmosfera de excitação febril era extremamente contagiosa; não conseguia parar de sorrir. Caminhamos pela floresta durante vinte minutos, conversando e brincando em voz alta até que finalmente emergiram do outro lado e se viram à sombra de um gigantesco estádio.
- Tem capacidade para cem mil pessoas - disse o Sr. Weasley, vendo o ar de assombro no rosto do Potter. - Uma força-tarefa do Ministério, com quinhentas pessoas, trabalhou o ano inteiro. Há Feitiços Antitrouxa em cada centímetro. Todas as vezes que, neste ano, os trouxas se aproximavam da área, eles de repente se lembravam de compromissos urgentes e precisavam sair correndo... Deus os abençoe - acrescentou ele carinhosamente, se encaminhando para o portão mais próximo, que já estava cercado por um enxame de bruxos e bruxas aos gritos.
- Lugares de primeira! - Exclamou a bruxa do Ministério ao portão, quando verificou as entradas deles. - Camarote de honra! Suba direto, Arthur, o mais alto possível.
As escadas de acesso ao estádio estavam forradas com carpetes púrpura berrante. Subimos com o resto da multidão, que aos poucos foi se dispersando pelas portas à direita e à esquerda que levavam às arquibancadas. O nosso grupo continuou subindo e finalmente chegou ao alto da escada, onde havia um pequeno camarote, armado no ponto mais alto do estádio e situado exatamente entre as duas balizas de ouro. Umas vinte cadeiras douradas e púrpura tinham sido distribuídas em duas filas. Cem mil bruxos e bruxas iam ocupando os lugares que se erguiam em vários níveis em torno do longo campo oval. Tudo estava banhado por uma misteriosa claridade dourada que parecia se irradiar do próprio estádio. Ali do alto, o campo parecia feito de veludo. De cada lado havia três aros de gol, a quinze metros de altura; do lado oposto.
- Vai haver um desfile com as mascotes dos times antes da partida - leu ela em voz alta.
- Ah, a isso sempre vale a pena assistir - disse o Sr. Weasley. - Os times nacionais trazem criaturas da terra natal, sabem, para fazer farol.
O camarote foi-se enchendo gradualmente em volta deles durante a meia hora seguinte. O Sr. Weasley não parava de apertar a mão de bruxos, obviamente muito importantes. Percy levantou-se de um salto tantas vezes que até parecia que estava tentando sentar em cima de um porco-espinho. Quando Cornélio Fudge, o Ministro da Magia, chegou, Percy fez uma reverência tão exagerada que seus óculos caíram e se partiram. Muito encabulado, ele os consertou com a varinha e dali em diante permaneceu sentado, lançando olhares invejosos a Harry, a quem o ministro cumprimentara como um velho amigo. Os dois já se conheciam e Fudge apertou a mão de Harry, perguntou como ele estava e apresentou-o aos bruxos de um lado e de outro.
- Harry Potter, sabe - disse ele em voz alta ao ministro búlgaro, que usava esplêndidas vestes de veludo preto, enfeitadas com ouro, e aparentemente não entendia uma única palavra de inglês. - Harry Potter... ah, vamos, o senhor sabe quem é.... O menino que sobreviveu ao ataque de Você-Sabe-Quem... tenho certeza de que o senhor sabe quem é.... -O bruxo búlgaro, de repente, viu a cicatriz de Harry e começou a algaraviar em voz alta e excitada, apontando para a marca. - Sabia que íamos acabar chegando lá - disse Fudge, esgotado, a Harry. - Não sou grande coisa para línguas, preciso de Bartô Crouch nesses encontros. Ah, aí vem Lúcio!
Avançando vagarosamente pela segunda fila, em direção a três lugares ainda vazios, bem atrás do Sr. Weasley, vinham ninguém menos que o Lúcio Malfoy, seu filho Draco e uma mulher que imagino que fosse a mãe do garoto.
- Ah, Fudge - disse o Sr. Malfoy, estendendo a mão para o ministro da Magia, ao chegar mais próximo. - Como vai? Acho que você não conhece minha mulher, Narcisa? Nem o nosso filho, Draco?
- Como estão, como estão? - Disse Fudge, sorrindo e se curvando para a Sra. Malfoy. - E me permitam apresentar a vocês o Sr. Oblansk, o ministro da Magia da Bulgária, e de qualquer modo ele não consegue entender nenhuma palavra do que estou dizendo, portanto não faz diferença. E vejamos quem mais, você conhece Arthur Weasley, imagino?
Foi um momento tenso. O Sr. Weasley e o Sr. Malfoy se entreolharam e lembrei da última vez que haviam se encontrado; fora na livraria Floreios e Borrões, e os dois tinham partido para uma briga. Os olhos do Sr. Malfoy, frios e cinzentos, examinaram o Sr. Weasley e depois a fila em que ele estava.
- Meu Deus, Arthur - disse ele baixinho. - Que foi que você precisou vender para comprar lugares no camarote de honra? Com certeza sua casa não teria rendido tudo isso, não?
-O senhor Weasley conseguiu isso sendo um homem honrado, mas com certeza você não deve saber o que issosignifica.- Falei ríspida no mesmo tom baixo no qual ele se pronuncio.
-Ora sua...
Fudge que não estava prestando atenção, comentou:
- Lúcio acabou de fazer uma generosa contribuição para o Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Está aqui como meu convidado.
- Que.... Que bom - disse o Sr. Weasley com um sorriso muito forçado.
-Que bom que o senhor decidiu fazer algo pelos outros.- Falei com um tom irônico, mas Fudge nem percebeu pois estava distraído olhando o outro ministro da magia.
Os olhos do Sr. Malfoy se voltaram para Hermione, que corou de leve, mas retribuiu o seu olhar com determinação. Os Malfoy se orgulhavam de ter o sangue puro; em outras palavras, consideravam qualquer pessoa que descendesse de trouxas, como Hermione, gente de segunda classe. No entanto, sob o olhar do ministro da Magia, o Sr. Malfoy não se atrevia a dizer nada. Acenou a cabeça com desdém para o Sr. Weasley e continuou a avançar em direção aos lugares vazios. Draco lançou a Harry, Rony e Hermione um olhar de desprezo, depois se sentou entre a mãe e o pai.
-Obrigado Luana, mas não vale apena gastar seu tempo com eles.- Falou o senhor Weasley se virando para mim. Dei um aceno com a cabeça e logo Ludo Bagman adentrou o camarote de honra.
- Todos prontos? - Perguntou ele, o rosto redondo e excitado brilhando como um queijo holandês. - Ministro, podemos começar?
- Quando você quiser, Ludo - disse Fudge descontraído. Ludo puxou a varinha, apontou-a para a própria garganta, disse "Sonorus! " Então, sobrepondo-se à zoeira que agora enchia o estádio lotado falou; sua voz reboou, ecoando em cada canto das arquibancadas:
"Senhoras e senhores... bem-vindos! Bem-vindos à final da quadricentésima vigésima segunda Copa Mundial de Quadribol! "
Os espectadores gritaram e bateram palmas. Milhares de bandeiras se agitaram, somando seus desafinados hinos nacionais à barulheira geral.
"E agora, sem mais demora, vamos apresentar... os mascotes do time búlgaro! "
O lado direito das arquibancadas, que era uma massa compacta e vermelha, berrou manifestando sua aprovação.
- Que será que eles trouxeram? - Comentou o Sr. Weasley, curvando-se para a frente na cadeira. - Ah-ha! - Ele de repente tirou os óculos e limpou-os depressa nas vestes. - Veelas!
- Que são Veel...? - Mas cem Veelas deslizaram pelo campo e a pergunta de Harry ficou respondida. Veelas eram mulheres... as mulheres muito belas. Harry se levantou chamando atenção de Hermione.
- Harry, que é que você está fazendo? - Hermione o chamou.
A música parou. Harry piscou os olhos. Ele estava em pé e tinha uma das pernas passada por cima da borda do camarote. Ao lado dele, Rony estava paralisado numa posição que dava a impressão de que ia saltar de um trampolim. Gritos indignados começaram a encher o estádio. A multidão não queria que as Veelas se retirassem.
Entrementes, Rony, distraidamente, despetalava os trevos do chapéu. O Sr. Weasley, sorrindo, curvou-se para Rony e tirou o chapéu das mãos do filho.
- Você vai querer isso depois - disse ele -, depois que a Irlanda disser a que veio.
- Hum? - Exclamou Rony fixando, boquiaberto, as Veelas, que agora estavam enfileiradas a um lado do campo. Hermione deu um muxoxo alto. Esticou o braço e puxou Harry de volta à cadeira dele.
- Francamente! - Exclamou irritada.
"E agora", trovejou Ludo Bagman, "por favor levantem as varinhas bem alto... para receber os mascotes do time nacional da Irlanda! "
No instante seguinte, algo que lembrava um imenso cometa verde e ouro entrou velozmente no estádio. Deu uma volta completa, depois se subdividiu em dois cometas menores, que se projetaram em direção às balizas. De repente, um arco-íris atravessou o céu do campo unindo as duas esferas luminosas. A multidão fazia "aaaaah" e "ooooh", como se presenciasse um espetáculo de fogos de artifício. Depois o arco-íris foi-se dissolvendo e as esferas se aproximaram e se fundiram; tinham formado um grande trevo refulgente, que subiu em direção ao céu e ficou pairando sobre as arquibancadas. Parecia estar deixando cair uma espécie de chuva dourada...
- Excelente! - Berrou Rony, quando o trevo sobrevoou o camarote, fazendo chover pesadas moedas de ouro, que ricocheteavam nas cabeças e cadeiras. Apertando os olhos para ver melhor o trevo, eu percebi que era composto de milhares de homenzinhos barbudos de colete vermelho, cada qual carregando uma minúscula luz ouro e verde.
- Leprechauns! - Exclamou o Sr. Weasley, fazendo-se ouvir em meio ao tumultuoso aplauso dos espectadores, muitos dos quais continuavam a disputar o ouro e a procurá-lo por todo o lado em volta e embaixo das cadeiras.
- Toma aqui, Harry - gritou Rony feliz, metendo um punhado de moedas de ouro na mão do amigo. - Pelo onióculo! Agora você vai ter que me comprar um presente de Natal, ha! O maior dos trevos se dissolveu e os Leprechauns, que são duendes irlandeses, foram descendo no lado do campo oposto ao das Veelas, e se sentaram de pernas cruzadas para assistir à partida.
"E agora, senhoras e senhores, vamos dar as boas-vindas... ao time nacional de quadribol da Bulgária! Apresentando, por ordem de entrada... Dimitrov! "
Um vulto vermelho montado em uma vassoura, que voava tão veloz que parecia um borrão, disparou pelo campo, vindo de uma entrada lá embaixo, sob o aplauso frenético dos torcedores da Bulgária.
"Ivanova!" Um segundo jogador de vermelho passou zunindo.
"Zograf! Levski! Vulchanov! Volkov! Eeeeeeeee... Krum! "
- É ele, é ele! - Berrou Rony, acompanhando Krum com o onióculo; Harry focalizou rapidamente o dele.
"E agora vamos saudar... o time nacional de quadribol da Irlanda! ", berrou Bagman.
"Apresentando... Connolly! Ryan! Troy! Mullet! Moran! Quigley! Eeeeeee... Lynch! "
Sete borrões entraram velozes no campo;
"E conosco, das terras distantes do Egito, o nosso juiz, o famoso bruxopresidente da Associação Internacional de Quadribol, Hassan Mostafa!"
Um bruxo miúdo e magro, completamente careca, mas com uma, entrou em campo trajando vestes de ouro puro para combinar com o estádio. Um apito de prata saía por baixo dos bigodes e ele sobraçava de um lado uma grande caixa de madeira e, do outro, sua vassoura.
"COOOOOOOOOOOMEÇOU a partida! ", berrou Bagman. "É Mullet! Troy! Moran! Dimitrov! De volta a Mullet! Troy! Levski! Moran! "
A velocidade dos jogadores era incrível - os artilheiros jogavam a bola um para o outro tão depressa que Bagman só tinha tempo de identificá-los.
"GOL DE TROY! ", berrou Bagman, e o estádio estremeceu com o rugido dos aplausos e vivas.
- Quê? - Berrou Harry nervoso, observando o campo com o onióculo. - Mas Levski é que está com a goles!
- Harry, se você não observar em velocidade normal, vai perder todos os lances! - Gritei enquanto dançava aos pulos, agitando os braços no ar, enquanto Troy dava uma volta no campo para comemorar o gol.
Os Leprechauns, que assistiam ao jogo na extremidade do campo, tinham novamente levantado voo e formavam o grande trevo refulgente. Na outra extremidade, as Veelas assistiram a essa exibição em silêncio.
Os artilheiros irlandeses eram fantásticos. Deslocavam-se em harmonia, parecendo ler o que ia nas mentes uns dos outros, pela maneira com que se posicionavam. Em dez minutos a Irlanda marcou mais duas vezes, elevando sua vantagem para trinta a zero e provocando uma onda de gritos e aplausos dos torcedores de verde. A partida se tornou ainda mais rápida, porém mais brutal. Volkov e Vulchanov, os batedores búlgaros, atiravam os balaços com bastonadas fortíssimas nos artilheiros irlandeses e estavam começando a impedi-los de executar alguns dos seus melhores movimentos; duas vezes eles foram obrigados a dispersar e então, finalmente, Ivanova conseguiu passar por eles, driblar o goleiro Ryan, e marcar o primeiro gol da Bulgária.
- Dedos nos ouvidos! - Berrou o Sr. Weasley, quando as Veelas começaram a dançar comemorando o lance. Passados alguns segundos, arriscou uma espiada no campo. As Veelas haviam parado de dançar e a Bulgária recuperara a posse da goles.
"Dimitrov! Levski! Dimitrov! Ivanova... ah, essa não! ", berrou Bagman.
Cem mil bruxos e bruxas prenderam a respiração quando os dois apanhadores, Krum e Lynch, mergulharam no meio dos artilheiros.
- Eles vão colidir! - Berrou Hermione ao lado de Harry. Hermione estava parcialmente certa, no último segundo, Vítor Krum se recuperou do mergulho e se afastou em círculos. Lynch, no entanto, bateu no chão com um baque surdo que pôde ser ouvido em todo o estádio. Um enorme gemido subiu dos lugares ocupados pelos irlandeses.
- Idiota! - Lamentou o Sr. Weasley. - Era uma finta de Krum.
"Tempo!", berrou Bagman. "Os medibruxos vão entrar em campo para examinar Aidan Lynch! ".
- Ele está bem, só levou um encontrão! - Disse Carlinhos tranquilizando Gina, que estava pendurada por cima da lateral do camarote, horrorizada. - E isso era, naturalmente, o que Krum pretendera...
-Gina calma vai ficar tudo bem, ninguém se machucou... tão forte.- Falei passando as mãos em suas costas para tranquilizá-la.
Logo a partida voltou e Lynch se levantou finalmente, sob ruidosos vivas dos torcedores de verde, montou a Firebolt e deu impulso para o alto. Sua reanimação parecia ter dado à Irlanda novas esperanças. Quando Mostafa tornou a soar o apito, os artilheiros entraram em ação com uma destreza. Decorridos quinze minutos de velocidade e fúria, a Irlanda acumulara uma vantagem de mais dez gols. Agora liderava por cento e trinta pontos a dez e a partida estava começando a ficar mais desleal.
Quando Mullet disparou em direção às balizas mais uma vez, segurando firmemente a goles embaixo do braço, o goleiro búlgaro, Zograf, correu ao encontro da jogadora. Subiu um grito de raiva da torcida irlandesa, e o silvo longo e agudo do apito de Mostafa informou que alguém cometera uma falta.
"E Mostafa repreende o goleiro búlgaro pelo jogo bruto... usou os cotovelos! ", informa Bagman aos espectadores que berram. "E.... confirmando, é pênalti a favor da Irlanda. "
Os Leprechauns, que haviam levantado voo, furiosos, como um enxame de marimbondos reluzentes, quando Mullet fora atingida, agora corriam a se juntar formando as palavras "HA! HA! HA! ". As Veelas, do lado oposto do campo, levantaram-se de um salto, sacudiram os cabelos com raiva e recomeçaram a dançar.
Os garotos Weasley e Harry enfiaram os dedos nos ouvidos, mas Hermione, que não se dera a esse trabalho, logo em seguida puxou Harry pelo braço e ela puxou impacientemente os dedos que ele enfiara nos ouvidos.
- Olha o juiz! -Falei rindo sem parar.
Harry e os outros olharam para o campo. Hassan Mostafa aterrissara bem diante das Veelas dançantes, e estava agindo de modo realmente estranho. Flexionava os músculos e alisava o bigode, muito agitado. "Ora, isso não é admissível! ", disse Ludo Bagman, embora seu tom de voz fosse o de quem estava achando muita graça. "Alguém aí dê um tapa nesse juiz! "
Um medibruxo entrou correndo em campo, os dedos enfiados nos ouvidos, e deu um baita chute nas canelas de Mostafa. O juiz pareceu voltar a si, vi que Mostafa parecia extremamente constrangido e gritava com as Veelas, que tinham parado de dançar e pareciam estar se rebelando.
"E a não ser que eu muito me engane, Mostafa está de fato tentando despachar as mascotes do time da Bulgária! ", comentou Bagman. "Aí está uma coisa que nunca vimos antes... ah, isso é capaz de dar confusão..."
Os batedores búlgaros, Volkov e Vulchanov, pousaram ao lado de Mostafa e começaram a discutir furiosamente com o juiz, gesticulando em direção aos Leprechauns, que agora formavam alegremente as palavras "HI! HI ". Mostafa, porém, não se deixou impressionar com a argumentação dos búlgaros; espetou o dedo indicador no ar, dizendo claramente a eles que voltassem ao ar e quando os jogadores se recusaram, ele puxou dois silvos breves no apito.
"Dois pênaltis a favor da Irlanda! ", gritou Bagman, ao que a torcida búlgara ululou de raiva. "E é melhor Volkov e Vulchanov voltarem a montar as vassouras... é isso aí... e lá vão eles... e Troy toma a goles..."
A partida agora atingira um nível de ferocidade que ultrapassava tudo que já tinham visto. Os batedores dos dois lados jogavam sem piedade: principalmente Volkov e Vulchanov pareciam nem ligar se os seus bastões estavam fazendo contato com balaços ou com gente, quando os giravam violentamente no ar. Dimitrov disparou um balaço em cima de Moran, que segurava a goles, e quase a derrubou da vassoura.
- Falta! - Urraram os torcedores irlandeses em uníssono, todos de pé como uma enorme onda verde.
"Falta! ", ecoou a voz de Ludo Bagman, magicamente ampliada. "Dimitrov esfola Moran... o jogador saiu com intenção de dar um encontrão... e tem que ser outro pênalti... e aí vem o apito! "
Os Leprechauns subiram ao ar mais uma vez e agora formaram uma gigantesca mão que fazia um gesto muito grosseiro para as Veelas. Ao verem isso, elas se descontrolaram. Precipitaram-se pelo campo e começaram a atirar algo com o aspecto de bolas de fogo contra os duendes irlandeses. Elas agora não estavam nem remotamente belas. Muito ao contrário, seus rostos começaram a se alongar para formar cabeças de aves com bicos afiados e cruéis e irromperam asas longas e escamosas dos seus ombros...
- E aí está, rapazes - berrou o Sr. Weasley se sobrepondo ao tumulto da multidão embaixo -, está aí a razão por que vocês não devem se deixar levar só pelas aparências!
-Ainda está com vontade de pular da arquibancada Rony?- Perguntei brincalhona.
-A cala boca Lu.- Falou envergonhado como resposta apenas dei algumas risadas com Hermione.
Bruxos do Ministério invadiam o campo para separar as Veelas e os Leprechauns, mas sem muito sucesso; entrementes a batalha no campo não era nada comparada à que estava ocorrendo no ar.
A goles trocava de mãos com a velocidade de uma bala...
"Levski - Dimitrov - Moran - Troy - Mullet - Ivanova - Moran de novo - Moran - É GOL DE MORAN! "
Mas a gritaria da torcida irlandesa mal conseguia abafar os gritos agudos das Veelas, os estampidos que agora vinham das varinhas dos funcionários do Ministério e os berros furiosos dos búlgaros. A partida recomeçou imediatamente; agora Levski estava com a posse da goles, agora Dimitrov... O batedor irlandês Quigley levantou com violência o bastão contra um balaço que passava e arremessou-o com toda a força contra Krum, que não se abaixou com suficiente rapidez. O balaço atingiu-o em cheio no rosto.
Ouviu-se um lamento ensurdecedor da multidão; o nariz de Krum parecia quebrado, saía sangue para todo lado, mas Hassan Mostafa não apitou.
Queria que alguém percebesse que Krum estava ferido; estava torcendo para Bulgária, mas Krum era o jogador mais fascinante em campo. Rony obviamente sentia o mesmo.
- Tempo! Ah, anda, ele não pode jogar assim, olha só para ele...- Gritei.
- Olha o Lynch! - Berrou Harry.
O apanhador irlandês repentinamente mergulhara para valer...
- Ele viu o pomo! - Berrou Harry. - Ele viu! Olha lá ele correndo!
Metade da multidão parecia ter compreendido o que estava acontecendo, a torcida irlandesa se levantou como uma grande onda verde, animando o apanhador..., mas Krum voava na esteira dele. Gotas de sangue voavam pelo ar à sua passagem, mas ele emparelhava com Lynch agora e os dois disparavam em direção ao chão...
- Eles vão bater! - Esganiçou-se Hermione.
- Não vão! - Berrou Rony.
- O Lynch vai! - Gritou Harry.
E tinha razão - pela segunda vez, Lynch bateu no chão com um tremendo impacto e foi imediatamente pisoteado por uma horda de Veelas raivosas.
- O pomo, onde é que está o pomo? - Berrou Carlinhos, mais adiante na fila.
- Ele pegou, Krum pegou, terminou o jogo! - Gritei animada.
As vestes de Krum eram vermelhas tintas com o sangue que escorrera do seu nariz, tornava a levantar voo suavemente, o punho erguido lá no alto, um brilho de ouro na mão.
BULGÁRIA: 160; IRLANDA:170, mas os torcedores não pareciam ter percebido o que acontecera. Então, lentamente, como se um grande jumbo começasse a aquecer as turbinas, o rugido da torcida da Irlanda foi se avolumando e explodiu em urros de alegria.
"VENCE A IRLANDA! ", gritou Bagman, que, como os irlandeses, parecia estar espantado com o inesperado desfecho da partida. "KRUM CAPTURA O POMO... MAS VENCE A IRLANDA... Deus do céu, acho que nenhum de nós esperava uma coisa dessas! "
- Para que foi que ele agarrou o pomo? - Berrou Rony, ao mesmo tempo que continuava a pular, aplaudindo com as mãos no alto. - Ele encerrou a partida quando a Irlanda estava cento e sessenta pontos à frente, o idiota!
- Ele sabia que o time não ia conseguir se recuperar - respondeu Harry aos gritos, tentando se sobrepor à zoeira geral e aplaudindo com estrépito -, os artilheiros irlandeses eram bons demais... ele queria encerrar a partida nos termos dele, foi só...
- Ele foi valente, não foi? - Comentou Hermione esticando-se à frente para ver Krum pousar e um enxame de medibruxos abrir caminho à força entre os briguentos Leprechauns e as Veelas que brigavam para chegar ao apanhador. - Ele está pavoroso...
Era difícil ver o que estava acontecendo lá embaixo, porque os Leprechauns sobrevoavam o campo felizes e em grande velocidade, mas consegui ver Krum, rodeado por medibruxos. Parecia mais carrancudo que nunca e se recusava a deixar que o limpassem. Seus colegas de time o rodeavam, sacudindo a cabeça, arrasados; um pouco adiante, os jogadores irlandeses dançavam felizes sob a chuva de ouro que seus mascotes faziam cair. Bandeiras se agitavam pelo estádio, o hino nacional irlandês tocava altíssimo por todo lado; as Veelas revertiam à beleza de sempre, mas pareciam desanimadas e infelizes.
- Pom, prrigamos falentemente - disse uma voz triste atrás de mim. Me virei para olhar; era o ministro da Magia búlgaro.
- O senhor fala a nossa língua! - Exclamou Fudge indignado. - E vem me obrigando a falar por mímica o dia inteiro!
- Pom, foi muito engrraçado - disse o ministro búlgaro, encolhendo os ombros. Dei algumas risadinhas.
"E enquanto o time irlandês dá a volta olímpica, ladeado pelos mascotes, a Copa Mundial de Quadribol está sendo levada para o camarote de honra! ", berrou Bagman.
"Vamos aplaudir com vontade os galantes perdedores... Bulgária! ", gritou Bagman. E pelas escadas entraram os sete jogadores derrotados. A multidão aplaudiu manifestando o seu apreço;
Um a um, os búlgaros se acomodaram nas filas de cadeiras do camarote e Bagman chamou-os, nome por nome, para apertarem a mão do seu ministro e depois a de Fudge. Krum, que foi o último da fila, estava com uma aparência medonha. Seus olhos negros se destacavam espetacularmente no rosto ensanguentado. Continuava a segurar o pomo.
Depois foi a vez do time irlandês. Aidan Lynch veio amparado por Moran e Connolly; a segunda colisão parecia tê-lo atordoado e seus olhos pareciam estranhamente fora de foco. Mas ele sorriu com alegria quando Troy e Quigley ergueram a Copa no ar e a multidão embaixo fez ouvir sua aprovação.
Finalmente, quando o time irlandês deixou o camarote para dar mais uma volta olímpica montado nas vassouras (Aidan Lynch na garupa de Connolly, agarrado à sua cintura e ainda sorrindo abobalhado), Bagman apontou a varinha para a própria garganta e murmurou Quietus.
- Eles vão comentar isso durante anos - disse ele rouco -, uma reviravolta realmente inesperada, essa... pena que não pudesse ter durado mais... ah sim... sim, devo a vocês... quanto?
Pois Fred e Jorge tinham acabado de saltar por cima de suas cadeiras e estavam parados diante de Ludo Bagman com enormes sorrisos no rosto, as mãos estendidas.
Voltamos a caminhar para a saída até senhor Weasley falar.
- Não conte à sua mãe que andou apostando - implorou o Sr. Weasley a Fred e Jorge, quando juntos desciam, lentamente, as escadas forradas com carpete púrpura.
- Não se preocupe, papai - disse Fred feliz -, temos grandes planos para esse dinheiro, não queremos que ele seja confiscado. Por um instante, pareceu que o Sr. Weasley ia perguntar que grandes planos eram aqueles, mas em seguida, pensando melhor, decidiu que não queria saber.
Logo eles foram engolfados pela multidão que saía do estádio e regressava aos acampamentos. O ar da noite trazia aos seus ouvidos cantorias desafinadas quando retomavam o caminho iluminado por lanternas, os Leprechauns continuavam a sobrevoar a área em alta velocidade, rindo, tagarelando, sacudindo as lanternas. Quando os garotos chegaram finalmente às barracas, ninguém estava com vontade de dormir e, dado o nível da barulheira, a toda volta, o Sr. Weasley concordou que podiam tomar, juntos, uma última xícara de chocolate, antes de se deitar. Logo estavam discutindo prazerosamente a partida; o Sr. Weasley se deixou envolver por Carlinhos em uma polêmica sobre jogo bruto, e somente quando Gina caiu no sono em cima da mesinha e derramou chocolate quente pelo chão que o pai deu um basta nas retrospectivas verbais e insistiu que todos fossem se deitar. Do outro lado do acampamento eles ainda ouviam muita cantoria e uma batida que ecoava estranhamente.
- Ah, fico feliz de não estar de serviço - murmurou o Sr. Weasley cheio de sono. - Eu não iria gostar nem um pouco de ter que dizer aos irlandeses que eles precisam parar de comemorar.
- Levantem! Meninas vamos logo, levantem, é urgente!
- Que foi? - Perguntei assustada.
O barulho no acampamento tinha mudado. A cantoria parara. Ele ouvia gritos e um tropel de gente correndo.
Descei da beliche e apanhei minhas roupas, mas o Sr. Weasley, que vestira a jeans por cima do pijama, falou:
- Não temos tempo, Meninas, apanhe uma jaqueta e saiam, depressa!
Obedecemos e saímos correndo da barraca.
À luz das poucas fogueiras que ainda ardiam, viu gente correndo para a floresta, fugindo de alguma coisa que avançava pelo acampamento em sua direção, alguma coisa que emitia estranhos lampejos e ruídos.
Caçoadas em voz alta, risadas e berros de bêbedos se aproximavam; depois uma forte explosão de luz verde, que iluminou a cena. Um grupo compacto de bruxos, que se moviam ao mesmo tempo e apontavam as varinhas para o alto, vinha marchando pelo acampamento, percebi que tinham as cabeças encapuzadas e os rostos mascarados.
Mais bruxos foram se reunindo ao grupo que marchava, riam e apontavam para os corpos no ar. Barracas se fechavam e desabavam à medida que a multidão engrossava. Uma ou duas vezes vi um bruxo explodir uma barraca com a varinha para desimpedir o caminho. Outras tantas pegaram fogo. A gritaria foi se avolumando.
Quando finalmente chegamos em um local mais seguro percebi que Harry, Rony, Hermione, Fred e Jorge não estavam aqui conosco.
-Eles devem ter se perdido, temos que ir procurá-los.
-Eu vou atrás deles.- Arthur apontou para Carlinhos, Percy e Gui falou.- Cuidem delas até eu voltar.- E foi embora atrás dos outros.
-Minha irmã estava na copa... eu preciso encontrá-la.- Falo tentando sair dali, mas uma mão me segura impedindo-me me viro e vejo Carlinhos.
-Lu ela está bem, seu pai está com ela, e imagino que ela não queira que você se arrisque assim.- Falou calmo tentando me convencer. Fiquei parada por um tempo pensando e percebi que ele tem razão, suspirei fui para perto de Gina que estava tremendo e a abracei tentando conforta-la.
Passou um tempo e Gui se pronunciou:
-Não estou ouvindo mais barulhos de gritos vamos voltar para perto da barraca. Concordamos com a cabeça e voltamos para o acampamento tivemos alguns encontros com os mascarados, mas os meninos nos protegeram, entramos na cabana. Gui estava sentado à pequena mesa da cozinha, apertando um braço com um lençol, que sangrava profusamente. Carlinhos tinha um rasgão na camisa e Percy ostentava um nariz ensanguentado. Depois de um tempo chegaram Fred e Jorge, só que eles estavam sozinhos, então tivemos que ficar esperando o retorno dos outros. Ouvimos um barulho, Carlinhos meteu a cabeça pela abertura da barraca.
- Papai, que é que está acontecendo? - Perguntou ele no escuro. - Fred, Jorge e Gina já voltaram, mas os outros...
- Estão aqui comigo - respondeu o Sr. Weasley, se abaixando para entrar na barraca. Harry, Rony e Hermione entraram atrás dele.
- Pegou ele, papai? - Perguntou Gui bruscamente. - A pessoa que conjurou a Marca?
- Não. Não ficamos sabendo quem realmente conjurou a Marca.
Com alguma ajuda de Harry, Rony e Hermione, o Sr. Weasley explicou o que acontecera na floresta. Quando terminaram a história, Percy encheu-se de indignação.
- Olha aqui, será que alguém pode explicar o que significava aquele crânio? - Perguntou Rony impaciente. - Não estava fazendo mal a ninguém... por que esse escândalo todo?
- Eu já lhe disse, é o símbolo do Você-Sabe-Quem, Rony - disse Hermione, antes que mais alguém pudesse responder. - Li sobre ele em Ascensão e queda das artes das trevas.
- E não é visto há treze anos - acrescentou o Sr. Weasley em voz baixa. - É claro que as pessoas entraram em pânico... foi quase o mesmo que rever Você-Sabe-Quem.
- Não estou entendendo - disse Rony, franzindo a testa. - Quero dizer... é apenas uma forma no céu...
- Rony, Você-Sabe-Quem e seus seguidores projetavam a Marca Negra no céu sempre que matavam alguém - disse o Sr. Weasley. - O terror que isso inspirava... você não faz ideia, era muito criança. Mas imagine a pessoa chegar em casa e encontrar a Marca Negra pairando sobre ela, sabendo o que vai encontrar lá dentro... - O Sr. Weasley fez uma careta. - O que todos temem mais... temem mais do que tudo...
Houve um silêncio momentâneo. Então Gui, levantando o lençol do braço para verificar o corte, disse:
- Bem, não fez nenhum bem à gente esta noite, quem quer que tenha conjurado aquilo. A Marca Negra afugentou os Comensais da Morte no momento em que a viram. Todos desaparataram antes que chegássemos bastante próximos para arrancar a máscara deles.
- Comensais da Morte? - Perguntou Harry. - Que são Comensais da Morte?
- É o nome que os seguidores de Você-Sabe-Quem davam a si mesmos. Acho que vimos o que restou deles hoje à noite, pelo menos os que conseguiram ficar fora de Azkaban.
- Não podemos provar que eram eles, Gui - disse o Sr. Weasley. - Embora provavelmente tenham sido - acrescentou desanimado.
- É, aposto que eram! - Disse Rony repentinamente. - Papai, encontramos Draco Malfoy na floresta, e ele praticamente nos disse que o pai dele era um dos idiotas mascarados! E todos sabemos que os Malfoy eram íntimos de Você-Sabe-Quem!
- Mas o que é que os seguidores de Voldemort... - começou Harry. Todos se encolheram, como a maioria das pessoas no mundo dos bruxos, os Weasley sempre evitavam dizer o nome de Voldemort. - Desculpem - disse Harry depressa. - Mas o que é que os seguidores de Você-Sabe-Quem pretendiam fazendo aqueles trouxas levitar? Quero dizer, qual era o objetivo?
- O objetivo? - Disse o Sr. Weasley com uma risada desanimada. - Harry, essa é a ideia que fazem de uma brincadeira. Metade das mortes de trouxas quando Você-Sabe-Quem estava no poder foi feita de brincadeira. Imagino que eles tenham tomado uns drinques esta noite e não puderam resistir ao impulso de nos lembrar que um grande número deles continua em liberdade. Uma reuniãozinha simpática - terminou ele desgostoso.
- Mas se eles eram realmente os Comensais da Morte, por que desaparataram quando viram a Marca Negra? - Perguntou Rony. - Deveriam ter ficado felizes de ver a Marca, não?
- Usa os miolos, Rony - disse Gui. - Se eles eram realmente os Comensais da Morte, se viraram de todo o jeito para não serem mandados para Azkaban quando Você-Sabe-Quem perdeu o poder, e contaram um monte de mentiras de que ele os forçara a matar e torturar gente. Aposto como sentiriam ainda mais medo do que nós ao ver que ele estava voltando. Negaram que estivessem metidos com Você-Sabe-Quem quando ele perdeu o poder e voltaram às suas vidinhas de sempre... acho que o Lorde não ficaria muito satisfeito de ver essa gente, não é mesmo?
- Então... quem conjurou a Marca Negra... - disse lentamente - estava fazendo isso para manifestar apoio ou amedrontar os Comensais da Morte?
- O seu palpite vale tanto quanto o meu Luana- disse o Sr. Weasley -, mas vou-lhe dizer uma coisa... somente os Comensais eram capazes de conjurar a Marca. Eu ficaria muito surpreso se a pessoa que a conjurou não tivesse sido um dia Comensal da Morte, mesmo que não o seja agora.... Olhem, é muito tarde, e se sua mãe ouvir falar do que aconteceu vai morrer de preocupação. Vamos dormir mais um pouco e depois tentar pegar um portal bem cedo para sair daqui.
-Pelo menos ainda temos a barraca a disposição.- Falei tentando ver o lado bom da situação.
-Sim, pelo menos isso.- Disse o senhor Weasley se levantando e indo para seu quarto. Logo fizemos o mesmo.
Oi gente espero que tenham gostado do capítulo e já vou começar a escrever os próximos, mas para isso eu quero saber a opção de vocês para uma perguntinha.
Entre Carlinhos Weasley e Jorge Weasley qual vocês preferem?
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