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Capitulo 20

Nos jogos de quadribol finalmente vencemos a Sonserina. Harry, Rony e Hermione me contaram que Hagrid estava fora para procurar os gigantes como pedido de Dumbledore. As reuniões da AD estão ótimas e já aprendemos muito. Infelizmente Sirius parou de me escrever, pode ser apenas que ele esteja bastante ocupado.



No começo da reunião da Armada Harry já nos dava instruções.



- O.k. - disse ele, chamando todos à ordem. - Achei que hoje deveríamos repassar o que já fizemos até agora, porque é a última reunião antes das férias e não tem sentido começar nada novo antes de uma pausa de três semanas...



- Não vamos fazer nada novo?! - exclamou Zacarias, resmungando, insatisfeito, suficientemente alto para ser ouvido por toda a sala. - Se eu soubesse nem teria vindo.



- Então todos lamentamos muito que Harry não o tenha avisado - retrucou Fred em voz alta.



Várias pessoas abafaram risinhos.



- ... podemos praticar aos pares - continuou Harry. - Vamos começar com a Azaração de Impedimento durante dez minutos, então podemos apanhar as almofadas e experimentar o Feitiço Estuporante mais uma vez.



Todos se dividiram obedientemente, fiz par com Neville. Logo a sala se encheu de gritos intermitentes de "Impedimenta!". As pessoas ficavam paralisadas por mais ou menos um minuto, enquanto o parceiro olhava a esmo pela sala, observando o trabalho dos outros pares, depois recuperava os movimentos e era sua vez de azarar. Neville estava irreconhecível, tal o seu progresso. Depois de ter se recuperado três vezes seguidas, Harry mandou Neville e eu nos reunir a Rony e Hermione para poder andar pela sala e observar os outros. Transcorridos os dez minutos da Azaração de Impedimento, eles espalharam as almofadas pelo chão e começaram a praticar mais uma vez o Estuporante. O espaço era realmente muito limitado para permitir que todos trabalhassem ao mesmo tempo; metade do grupo observava a outra metade por alguns minutos, depois se revezavam. É verdade que Neville estuporou Padma Patil em vez de Dino, a quem estava visando, mas errou por muito menos do que antes, e todos os outros tinham feito enormes progressos. Ao final de uma hora, Harry anunciou um intervalo.



- Vocês estão ficando ótimos - disse sorrindo. - Quando voltarmos das férias, poderemos começar com os feitiços mais importantes, talvez até com o Patrono.



Ouviram-se murmúrios de excitação. A sala começou a se esvaziar, como sempre aos pares e trios; a maioria desejou a Harry um "Feliz Natal" ao sair. Sentindo-me animada, recolhei as almofadas com Rony e Hermione, e empilhamos em ordem.



Quando estávamos prestes a sair Rony ia gritar chamando Harry, porem fui mais rápida e o calei com as mãos.



-Cenourinha, deixa ele, não vê que está ocupado. - Falei apontando com a cabeça Harry indo falar com a Cho. - Vamos! - puxei Rony e Hermione veio atras rindo.



Ficamos meia hora conversando na comunal até o apaixonado aparecer. Hermione estava escrevendo uma longa carta. Já enchera metade de um pergaminho, que caía pela borda da mesa. Rony estava deitado no tapete da lareira, tentando terminar um dever de Transfiguração.



- Por que demorou? - perguntou o amigo, quando Harry afundou na cadeira ao lado de Hermione. Harry não respondeu. Estava em estado de choque.



- Você está se sentindo bem, Harry? - perguntou Hermione examinando-o por cima da ponta da pena. Harry encolheu os ombros indiferente.



- Que foi? - perguntei me erguendo nos cotovelos para olhar melhor o amigo. - Que aconteceu?



- Foi a Cho? - perguntou muito objetivamente. - Ela encostou você na parede depois da reunião?



Abobalhado, Harry confirmou com a cabeça. Rony deu risadinhas, só parando quando seu olhar encontrou o de Hermione. - Então... ah... que é que ela queria? - perguntou ele fingindo displicência.



- Ela... - começou Harry, meio rouco; pigarreou e tentou novamente. - Ela... ah...



- Vocês se beijaram? - perguntei sem rodeios.



Rony se sentou tão depressa que arremessou o tinteiro pelo tapete. Inteiramente alheio ao que fizera, olhou para Harry com grande interesse. - Então? - quis saber. Harry olhou de Rony, cujo rosto expressava um misto de curiosidade e hilaridade, para a testa levemente enrugada de Hermione, e confirmou com a cabeça. - HA!



Rony fez um gesto de vitória com o punho e desatou a rir tão estridentemente que sobressaltou vários segundanistas tímidos sentados junto à janela. Um sorriso relutante se espalhou pelo rosto de Harry ao ver Rony rolar pelo tapete. Hermione lançou a Rony um olhar de profundo desgosto, e voltou a sua carta.



- E aí? - perguntou Rony finalmente, encarando Harry. - Como foi?



Harry refletiu por um momento.



- Úmido - disse com sinceridade. Rony emitiu um som que poderia indicar alegria ou nojo, era difícil dizer. - Porque ela estava chorando - continuou Harry, pesaroso.



- Foi tão ruim assim? - Perguntei vendo seu olhar desanimado.



- Ah! - exclamou Rony, o sorriso se atenuando em seu rosto. - Você é ruim assim de beijo?



- Não sei - respondeu Harry, que não havia pensado na possibilidade, e se sentiu imediatamente preocupado. - Vai ver sou.



- Claro que não é - disse Hermione, distraída, ainda escrevendo a carta.



- Como é que você sabe? - perguntou Rony rispidamente.



- Porque ultimamente Cho passa metade do tempo chorando - respondeu distraidamente. - Chora na hora da comida, no banheiro, por toda parte.



- Mas era de esperar que uns beijinhos a animassem - disse Rony sorrindo.



- Rony - disse Hermione em tom muito solene, molhando a ponta da pena no tinteiro -, você é o legume mais insensível que já tive a infelicidade de conhecer.



- Que é que você quer dizer com isso? - perguntou Rony, indignado. - Que tipo de pessoa chora quando está sendo beijada?



- É - disse Harry sentindo um ligeiro desespero -, que tipo?



Hermione olhou para os dois com uma expressão no rosto que beirava a piedade. - Vocês não compreendem como a Cho está se sentindo neste momento?



- Não. - Respondi com Harry e Rony. Hermione suspirou e descansou a pena



- Bom, obviamente ela está se sentindo muito triste, porque Cedrico morreu. Depois, imagino que esteja se sentindo confusa porque gostava do Cedrico e agora gosta do Harry, e não consegue entender de qual dos dois gosta mais. Depois, está se sentindo culpada, achando que é um insulto à memória do Cedrico beijar o Harry, e deve estar preocupada com o que as outras pessoas vão dizer quando começar a sair com ele. E provavelmente não consegue entender seus sentimentos com relação a Harry, porque era ele quem estava junto quando Cedrico morreu, então tudo isso é muito confuso e doloroso. Ah, e está com medo de ser expulsa do time de quadribol da Corvinal porque está voando muito mal.



- Faz sentido. - Falei pensativa.



O fim da fala foi recebido com um silêncio de breve aturdimento, então Rony falou: - Uma pessoa não pode sentir tudo isso ao mesmo tempo, explodiria.



- Isso Rony, porque você tem o emocional de uma pedra. - Responde Hermione.



Nos olhamos e começamos a rir juntos.



- Você tinha de ser legal com ela - disse Hermione, tentando segurar as risadas



- Você foi, não? - Bom - respondeu Harry -, eu meio que dei umas palmadinhas nas costas dela.



Hermione parecia estar se controlando com extrema dificuldade para não olhar para o teto. - Bom, suponho que poderia ter sido pior. Vai voltar a vê-la?



- Terei, não é? Temos os encontros da AD, não temos?



- Você me entendeu - disse Hermione, impaciente. Harry não respondeu.



- Ah, bom - disse Hermione distante, absorta outra vez em sua carta.



- Você terá muitas oportunidades para convidá-la. - Falei ao menino.



- E se ele não quiser? - indagou Rony, que estivera observando Harry com uma expressão incomumente perspicaz.



- Não seja bobo - disse Hermione distraída. - Harry gosta dela há séculos, não é, Harry?



Ele não respondeu.



- Afinal para quem é que você está escrevendo, Hermione? - perguntou Rony, tentando ler o pergaminho que agora arrastava pelo chão. Hermione puxou-o para longe dele.



- Vítor.



- Krum?



- Quantos Vítor nós conhecemos?



Rony não respondeu, mas pareceu aborrecido. Ficamos em silêncio os vinte minutos seguintes, Rony terminando o trabalho de Transfiguração dando bufos de impaciência e riscando as frases; Hermione escrevendo sem parar até o fim do pergaminho, enrolando-o e lacrando-o; e eu contemplando o fogo, desejando mais do que nunca que a cabeça de Sirius aparecesse ali para conversarmos. Mas as chamas foram gradualmente baixando até só restarem brasas que se desfizeram em cinzas e, olhando ao meu redor, vi que eram, mais uma vez, os últimos a se retirarem da sala comunal.



- Boa noite - disse Hermione, dando um enorme bocejo a caminho da escada do dormitório das meninas.



- Que é que ela vê no Krum? - perguntou Rony, quando ficamos a sós.



- Bom - disse, considerando a pergunta. - Acho que ele é mais velho, e é um jogador internacional de quadribol...



- É, mas tirando isso - disse Rony, em tom irritado. - Quero dizer, ele é um babaca rabugento, não é?



- É um pouquinho rabugento - disse Harry - Acho mais provável ela gostar pela idade.



-Mas isso é ridículo, meninas não gostam de garotos mais velhos... não é Lu? - Perguntou Rony me encarando para saber a resposta.



Fiquei pasma no lugar pensando que realmente Sírius era bem mais velho que eu.



- Boa noite meninos. - Falei saindo rapidamente da sala antes de ficar vermelha.



Estava dormindo quando sinto mãos em meu ombro me acordando... era a professora Minerva.



- Professora? - Pergunto confusa me sentando na cama despreguiçando.



- Lovegood vá ao escritório de Dumbledore... algo aconteceu ao Arthur Weasley. - Falou a última parte baixinho para não acordar as meninas.



Me levanto imediatamente e coloco um roupão por cima do pijama. Sigo até a sala de Dumbledore onde encontro o jovem Weasley e o Potter preocupados. No mesmo instante em que a porta do aposento se abriu. Fred, Jorge e Gina vieram acompanhados pela Prof.ª a McGonagall, os três parecendo amarfanhados e em estado de choque, ainda vestindo as roupas de dormir.



- Harry... que é que está acontecendo? - perguntou Gina, que parecia amedrontada. - A Prof.ª a McGonagall disse que você viu papai ser ferido...



- Seu pai foi ferido durante um serviço para a Ordem da Fênix - informou Dumbledore antes que Harry pudesse falar. - Foi levado para o Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Vou mandar vocês para a casa de Sirius, que é muito mais próxima do hospital do que A Toca. Vocês vão se encontrar com sua mãe lá.



- Como é que nós vamos? - perguntou Fred, abalado. - Pó de Flu?



- Não. No momento o Pó de Flu não é seguro, a rede está sendo vigiada. Vocês vão usar uma Chave de Portal. - Ele indicou a velha chaleira que descansava inocentemente sobre a escrivaninha. - Estamos apenas aguardando as informações de Fineus Nigellus... quero ter certeza de que não há perigo para despachar vocês...



Apareceu uma labareda bem no meio do aposento, depois uma única pena dourada que flutuou suavemente até o chão.


- É o aviso de Fawkes - disse Dumbledore, recolhendo a pena quando caiu. - A Prof.ª a Umbridge já deve saber que vocês estão fora de suas camas... Minerva, vá distraí-la, conte-lhe qualquer história...



A Prof.ª McGonagall saiu num ruge-ruge de tecido escocês.



- Ele diz que ficará encantado - disse uma voz cheia de tédio atrás de Dumbledore; o bruxo chamado Fineus reaparecera diante de sua bandeira da Sonserina. - Meu trineto sempre teve um gosto esquisito em termos de hóspedes.



- Venham aqui, então - falou Dumbledore a Harry e aos Weasley. - E depressa, antes que mais alguém apareça. Harry, eu e os outros nos agrupamos em torno da escrivaninha de Dumbledore. - Vocês já usaram uma Chave de Portal antes? - perguntou ele, e os garotos confirmaram com a cabeça, cada um esticando a mão para tocar em alguma parte da chaleira enegrecida. - Ótimo. Quando eu contar três, então... um... dois...



Aconteceu em uma fração de segundo: na pausa infinitesimal antes de Dumbledore dizer "três".



Senti um forte puxão atrás do umbigo, o chão sumiu sob seus pés, minha mão colada à chaleira; colidi com os outros enquanto avançava velozmente em uma voragem de cores e uma lufada de vento, a chaleira puxando-os para diante... até que seus pés bateram no chão com tanta força que seus joelhos dobraram, a chaleira caiu no chão com estrépito, e em algum lugar ali perto alguém falou: - De volta, os pirralhos do traidor do sangue. É verdade que o pai deles está morrendo?



- FORA! - vociferou uma segunda voz. Me levantei depressa e olhei à volta; tinham chegado à sombria cozinha do porão do largo Grimmauld, doze. As únicas fontes de luz eram o fogão e uma vela derretida, que iluminavam os restos de um jantar solitário. Monstro ia desaparecendo pela porta do corredor, lançando-lhes olhares malévolos ao mesmo tempo que repuxava a tanga; Sirius veio correndo ao seu encontro, parecendo ansioso. Estava barbado e com as roupas que usara durante o dia; havia nele também um ligeiro bafo de bebida que lembrava Mundungo.



- Que é que está acontecendo? - perguntou, estendendo a mão para ajudar Gina a se levantar.



- Fineus Nigellus falou que Arthur está gravemente ferido...



- Pergunte ao Harry - respondeu Fred.



- É, quero ouvir isso com os meus próprios ouvidos - disse Jorge. Os gêmeos e Gina olhavam fixamente para o amigo. Os passos de Monstro haviam parado na escada.



- Foi - começou Harry. - Tive uma... uma espécie de... visão...



E contou a todos o que vira, embora alterasse a história para parecer que assistira dos bastidores quando a cobra atacou, e não através dos olhos da própria cobra. Rony, que continuava muito pálido, lançou a Harry um olhar fugaz, mas não fez comentários. Quando Harry terminou, Fred, Jorge e Gina continuaram de olhos nele. Harry não sabia se estava ou não imaginando, mas achou que havia um quê de acusação no olhar dos garotos. Bom, se iam culpá-lo só por ver o ataque, estava contente de não ter contado que na hora ele estava dentro da cobra.



- Mamãe já chegou? - perguntou Fred, virando-se para Sirius.



- Provavelmente ela ainda nem sabe o que aconteceu - disse Sirius.



- O importante era vocês virem antes que a Umbridge pudesse interferir. Espero que Dumbledore esteja avisando a Molly agora.



- Temos de ir ao St. Mungus - disse Gina em tom urgente. E olhou para os irmãos; eles, é claro, ainda estavam de pijama. - Sirius, você pode nos emprestar capas ou outra coisa qualquer para vestir?



- Esperem, vocês não podem sair correndo para o St. Mungus! - falou Sirius.



- Claro que podemos ir ao St. Mungus se quisermos - disse Fred, com uma expressão obstinada. - Ele é nosso pai!



- E como é que vocês vão explicar como souberam que Arthur foi atacado antes mesmo de o hospital avisar a mulher dele?



- Que diferença faz? - perguntou Jorge, exaltado.



- Faz diferença, porque não queremos chamar atenção para o fato de que Harry está tendo visões de coisas que acontecem a quilômetros de distância! - disse Sirius aborrecido. - Vocês têm ideia do que o Ministério faria com essa informação?



Fred e Jorge fizeram cara de quem não se importava nem um pouco com o que o Ministério pudesse fazer com coisa alguma. Rony continuava extremamente pálido e silencioso. Gina disse: - Alguém poderia ter nos contado... poderíamos ter sabido o que aconteceu por outra pessoa que não o Harry.



- Quem, por exemplo? - perguntou Sirius, impaciente. - Escutem, seu pai foi ferido a serviço da Ordem da Fênix e as circunstâncias já são bastante suspeitas sem os filhos dele saberem o que aconteceu segundos depois, vocês poderiam prejudicar seriamente a Ordem...



- Não estamos interessados nessa Ordem idiota! - gritou Fred.



- Estamos falando do nosso pai, que está morrendo! - berrou Jorge.



- Seu pai sabia no que estava se metendo e não vai agradecer a vocês por estragarem as coisas para a Ordem! - retorquiu ele, igualmente zangado. - É assim que é, e é por isso que vocês não pertencem à Ordem, vocês não entendem, há coisas pelas quais vale a pena morrer!



- É fácil para você falar, preso aqui! - urrou Fred. - Não vejo você arriscando o seu pescoço!



-CALA A BOCA! - Gritei irritada ao garoto que me olhou surpreso por um momento, quando voltou a si estava perto de gritar também quando Sirius se pronunciou.



O pouco colorido que restava no rosto de Sirius desapareceu. Por um momento, pareceu que sua vontade era bater em Fred, mas quando voltou a falar, foi em um tom deliberadamente calmo.



- Sei que é difícil, mas todos temos de agir como se ainda não soubéssemos de nada. Temos de ficar quietos, pelo menos até sua mãe dar notícias, está bem?



Fred e Jorge continuavam rebelados. Gina, porém, foi até a cadeira mais próxima e se afundou nela. Harry olhou para Rony, que fez um movimento engraçado entre um aceno de cabeça e uma sacudidela de ombros, e sentaram-se também. Os gêmeos continuaram a olhar feio para Sirius por mais um minuto, então se acomodaram um de cada lado de Gina



- Muito bem. - disse Sirius animando-os -, andem, vamos todos tomar alguma coisa enquanto esperamos. Accio cerveja amanteigada!



Ele ergueu a varinha, e sete de garrafas vieram voando da despensa em direção a eles, espalhando os restos da refeição de Sirius e parando em ordem diante de cada um de nós. Todos beberam e por algum tempo os únicos sons foram a crepitação das chamas no fogão da cozinha e as batidas surdas das garrafas na mesa. Só estava bebendo para ocupar as mãos com alguma coisa. Repôs a garrafa na mesa, com um pouco mais de força do que pretendia, e derramei-a. Ninguém lhe prestou atenção. Então uma erupção de chamas no ar iluminou os pratos sujos diante deles e, enquanto gritavam assustados, um pergaminho caiu com um baque surdo na mesa, acompanhado por uma única pena da cauda da fênix.



- Fawkes! - exclamou Sirius na mesma hora, apanhando o pergaminho. - Não é a letra de Dumbledore: deve ser uma mensagem de sua mãe, tome...



Ele entregou a carta na mão de Jorge, que rompeu o lacre e leu em voz alta: "Papai ainda está vivo. Estou indo para o St. Mungus agora. Fiquem onde estão. Mandarei notícias assim que puder. Mamãe." Jorge olhou para todos. - Ainda está vivo... - disse lentamente. - Mas dá a impressão que...



Ele não precisou terminar a frase, também tive a impressão de que o Sr. Weasley estava entre a vida e a morte. Ainda excepcionalmente pálido, Rony ficou olhando para o verso da carta da mãe como se o pergaminho pudesse dizer alguma coisa que o consolasse. Fred puxou-o da mão de Jorge e leu, depois olhou para Harry. Não se lembrava de ter jamais feito uma vigília noturna mais longa. Sirius sugeriu uma vez, sem muita convicção, que fossem todos dormir, mas os olhares de desagrado dos Weasley foram resposta suficiente. A maior parte do tempo ficou em silêncio ao redor da mesa, observando o pavio da vela minguar aos poucos até desaparecer na cera líquida, levando ocasionalmente uma garrafa à boca, falando apenas para saber as horas, perguntar em voz alta o que estaria acontecendo, e tranquilizar um ao outro que se houvesse más notícias eles as saberiam na hora, porque a Sra. Weasley já devia ter chegado havia muito tempo no St. Mungus. Fred cochilou, a cabeça balançando frouxamente sobre o pescoço. Gina se enroscou como um gato na cadeira, mas mantinha os olhos abertos; Harry os via refletir as chamas do fogão. Rony deitara-se com a cabeça nas mãos, era impossível dizer se acordado ou adormecido. Harry, eu e Sirius nos entreolhávamos de vez em quando, intrusos no pesar da família, esperando... esperando...



Às cinco e dez da manhã, pelo relógio de Rony, a porta da cozinha abriu e a Sra. Weasley entrou. Estava muito pálida, mas quando todos se viraram e Fred, Rony e Harry fizeram menção de se levantar das cadeiras, ela deu um sorriso abatido.



- Ele vai ficar bom - disse com a voz enfraquecida pelo cansaço. - Agora está dormindo. Podemos ir vê-lo mais tarde. Gui está lhe fazendo companhia no momento; vai tirar a manhã de folga.



Fred tornou a se sentar com as mãos no rosto. Jorge e Gina se levantaram, correram a abraçar a mãe. Rony deu uma risada muito trêmula e virou o resto de sua cerveja amanteigada de uma vez.



- Café da manhã! - anunciou Sirius em voz alta e feliz, levantando-se de um salto. - Onde anda aquele maldito elfo doméstico? Monstro! MONSTRO! Mas Monstro não atendeu ao seu chamado. - Ah, esquece - resmungou Sirius, contando as pessoas presentes. - Então, é café da manhã para... vejamos... sete...oito... bacon e ovos, acho, chá e torradas...



Harry e eu levantamos e fomos para o fogão ajudar. Não queria se intrometer na alegria dos Weasley. Harry, mal acabara de apanhar os pratos no armário e ela já os tirava de sua mão e o puxava para um abraço.



- Não sei o que teria acontecido se não fosse você, Harry - disse Molly com a voz abafada. - Não teriam encontrado Arthur tão cedo, e então seria tarde demais, mas graças a você ele está vivo e Dumbledore pôde pensar em uma boa desculpa para Arthur estar onde estava, senão você nem faz ideia da encrenca em que ele se meteria, veja o que aconteceu com o coitado do Estúrgio...



Ela o soltou e se virou para Sirius para lhe agradecer ter tomado conta dos seus filhos a noite inteira. Sirius disse que se alegrava de poder ajudar, e esperava que todos ficassem ali até o Sr. Weasley sair do hospital. - Ah, Sirius, fico tão agradecida... acham que ele vai ficar hospitalizado durante algum tempo, e seria maravilhoso estar mais perto... naturalmente isto talvez signifique passar o Natal aqui.



- Quanto mais melhor! - disse Sirius, com uma sinceridade tão óbvia que a Sra. Weasley sorriu para ele radiante, vestiu um avental e começou a ajudá-lo a fazer o café da manhã.



- Sirius - murmurou Harry, incapaz de aguentar nem mais um minuto sequer. - Posso dar uma palavrinha? Ah... agora?



Ele entrou na despensa escura e Sirius o seguiu.



Tentando me distrair da minha curiosidade fui de encontro a Molly.



-Já que vamos ficar aqui até o Natal, depois vou escrever para meu pai e Luna avisando. - Falei animadamente enquanto colocava o avental.



- Querida lembre-se de ser discreta e tente não dizer em muitos detalhes... - Aconselhou Molly gentilmente.



- Pode deixar senhora Weasley, agora vamos cozinhar! - Falo animada já pegando alguns ingredientes.



Os malões nossos chegaram de Hogwarts enquanto estavam almoçando, para poderem se vestir de trouxas e ir ao hospital. Todos menos Harry estavam desmedidamente felizes e tagarelas quando trocaram as vestes por jeans e camisetas. Quando Tonks e Olho-Tonto chegaram para acompanhá-los a Londres, os garotos os receberam com alegria, achando graça no chapéu-coco que Olho-Tonto usava, desabado para o lado para esconder o olho mágico, e lhe garantiram que Tonks, cujos cabelos estavam curtos e rosa vivo outra vez, atrairia muito menos atenção do que ele na viagem de metrô. Tonks estava muito interessada na visão que Harry tivera do ataque ao Sr. Weasley e fez perguntas a Harry durante o caminho.



Desembarcamos na estação seguinte, uma estação bem no centro de Londres. Todos a seguiram na subida da escada rolante, Moody mancando atrás, o chapéu-coco inclinado e uma das mãos nodosas enfiada entre os botões do casaco, apertando a varinha. Pergunto a Olho-Tonto onde ficava escondido o St. Mungus.



- Não é muito longe, não - resmungou Moody, quando saíam para o ar gélido de inverno em uma rua larga, cheia de lojas apinhadas de gente que fazia compras de Natal. Ele empurrou Harry para sua frente, e se colocou imediatamente atrás do garoto; Harry sabia que o olho estava girando em todas as direções sob a aba inclinada do chapéu. - Não foi fácil encontrar um bom local para um hospital. Não havia nenhum bastante grande no Beco Diagonal e não podíamos construí-lo embaixo da terra como fizemos com o Ministério: não seria saudável. Por fim, conseguiram encontrar um edifício à superfície. Em teoria, os bruxos doentes poderiam ir e vir e se misturar com a multidão. Ele segurou o ombro de Harry para impedir que fossem separados por um grupo animado que fazia compras e tinha a visível intenção de chegar a uma loja de material elétrico próxima.



- Aqui vamos nós - disse Moody logo depois. Haviam chegado a uma loja de departamentos, grande, antiquada, em um edifício de tijolos aparentes, chamada Purga & Sonda Ltda. O lugar tinha um aspecto malcuidado, miserável; as vitrines exibiam meia dúzia de manequins lascados com as perucas tortas, dispostos aleatoriamente, vestindo roupas de pelo menos dez anos atrás. Grandes letreiros em todas as portas empoeiradas avisavam: "Fechado para Reforma." Ouvi uma mulher corpulenta carregada de sacolas plásticas comentar com a amiga ao passar: "Esse lugar não abre nunca..."



- Muito bem-disse Tonks, chamando-os para uma vitrine onde não havia nada, exceto um manequim feminino particularmente feio. Suas pestanas estavam soltando e ela vestia uma bata de náilon verde: - Todos preparados? Todos assentiram, agrupando-se em torno dela. Moody deu mais um empurrão nas costas de Harry para ele ficar mais à frente, e Tonks se encostou no vidro, olhando para o manequim horroroso, sua respiração embaçando o vidro: - E aí, beleza! - cumprimentou. - Estamos aqui para visitar Arthur Weasley.



No momento seguinte o manequim fez um leve aceno com a cabeça e um sinal com o indicador, e Tonks segurou Gina e a Sra. Weasley pelos cotovelos, atravessou o vidro e desapareceu. Fred, Rony e Jorge entraram em seguida. Harry deu uma olhada na multidão que se acotovelava ao seu redor; aparentemente nenhum transeunte se dava o trabalho de olhar para vitrines feias como as do Purga & Sonda Ltda., nem reparavam em seis pessoas que tinham acabado de se dissolver à sua frente.



- Vamos - rosnou Moody, dando mais uma cutucada nas costas de Harry, e juntos atravessamos algo que me lembrou uma cortina de água fria, embora emergissem secos e aquecidos do outro lado.



Não havia sinal do feio manequim ou do espaço que ocupara. Encontravam-se em uma recepção movimentada, em que havia filas de bruxos e bruxas sentados em instáveis cadeiras de madeira, alguns pareciam perfeitamente normais e folheavam exemplares antigos do Semanário das Bruxas, outros exibiam medonhas deformações como trombas de elefante ou mãos sobressalentes saindo do peito. A sala não era menos barulhenta do que a rua lá fora, porque vários pacientes faziam ruídos muito estranhos: uma bruxa de rosto suado no meio da primeira fila, que se abanava energicamente com um exemplar do Profeta Diário, não parava de soltar um silvo agudo e vapor pela boca, um bruxo com cara encardida a um canto badalava como um sino toda a vez que se mexia e, a cada badalada, sua cabeça vibrava horrivelmente e ele precisava levar a mão às orelhas para fazê-las parar. Bruxos e bruxas de vestes verde-claras iam e vinham pelas filas fazendo perguntas e anotações em pranchetas como a da Umbridge. Reparei que usavam um emblema bordado no peito: uma varinha e um osso cruzados.



- Eles são médicos? - perguntou Harry a Rony, com ar de espanto.



- Médicos? Aqueles trouxas doidos que cortam o corpo das pessoas? Nam, são Curandeiros.



- Aqui! - chamou a Sra. Weasley, tentando se sobrepor às renovadas badaladas do bruxo no canto, e eles a acompanharam até a fila que se formara diante de uma bruxa gordinha e loura, a uma mesa marcada Informações. Na parede atrás dela, havia uma quantidade de avisos e cartazes do tipo: UM CALDEIRÃO LIMPO IMPEDE QUE AS POÇÕES VIREM VENENO e NÃO SE DEVEM USAR ANTÍDOTOS A NÃO SER APROVADOS POR UM CURANDEIRO QUALIFICADO. Havia ainda um grande retrato de uma bruxa com longos cachos prateados com uma placa:



Dilys Derwent


Curandeira do St. Mungus 1722-1741


Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


1741-1768



Dilys examinava o grupo dos Weasley como se os contasse; quando seu olhar encontrou o de Harry, a bruxa lhe deu uma piscadela, deslocou-se para o quadro ao lado e desapareceu. Entrementes, na fila à frente, um jovem bruxo executava um estranho improviso de jiga e tentava, entre ganidos de dor, explicar sua situação à bruxa da recepção.



- São esses... ui... sapatos que meu irmão me deu... aí... estão comendo os meus... UI... pés... olhe só para eles, devem ter algum tipo de... ARRRRE... azaração neles e não consigo ARRRRRRE... tirá-los. - Ele pulava de um pé para o outro como se dançasse sobre carvões em brasa.



- Os sapatos não o impedem de ler, ou impedem? - disse a bruxa loura, apontando irritada para um quadro à esquerda de sua mesa. - Você precisa ir a Danos Causados por Feitiços, no quarto andar. Exatamente como está listado no quadro dos andares. Próximo! Quando o bruxo saiu dançando e mancando de lado, os Weasley avançaram alguns passos e li o quadro:



ACIDENTES COM ARTEFATOS


Térreo


Explosão de caldeirão, retroversão de feitiço, acidentes com vassouras etc.



FERIMENTOS CAUSADOS POR BICHOS


1 andar


Mordidas, picadas, queimaduras, espinhas encravadas etc.



VÍRUS MÁGICOS


2 andar


Doenças contagiosas, tais como varíola dragonina, doenças evanescentes, escrofúngulos etc.



ENVENENAMENTO POR PLANTAS E POÇÕES


3 andar


Urticárias, regurgitação, acessos contínuos de riso etc.



DANOS CAUSADOS POR FEITIÇOS


4 andar


Azarações e feitiços irreversíveis, feitiços malfeitos etc.



SALÃO DE CHÁ DOS VISITANTES/LOJA DO HOSPITAL


5 o andar



SE NÃO TIVER CERTEZA AONDE SE DIRIGIR, NÃO CONSEGUIR FALAR NORMALMENTE OU NÃO SE LEMBRAR DE QUEM É, A NOSSA BRUXA RECEPCIONISTA TERÁ PRAZER EM ORIENTÁ-LO.



Um bruxo muito velho e curvado com uma trompa para surdos arrastara-se até o primeiro lugar da fila.



- Estou aqui para visitar Broderico Bode - disse num sussurro asmático.



- Enfermaria quarenta e nove, mas receio que esteja perdendo o seu tempo - respondeu ela, dispensando-o. - Está completamente confuso, entende, ainda acha que é uma chaleira. Próximo.



Um bruxo atarantado segurava pelo tornozelo a filhinha, que se agitava em volta de sua cabeça usando imensas asas de penas que saíam das costas da roupa.



- Quarto andar - disse a bruxa com a voz entediada sem perguntar nada, e o homem desapareceu pelas portas duplas ao lado da mesa, segurando a filha como se fosse um balão de formato extravagante. - Próximo!



A Sra. Weasley se aproximou da mesa. - Olá, meu marido, Arthur Weasley, deveria ter sido transferido para outra enfermaria hoje pela manhã, pode nos dizer...?



- Arthur Weasley? - repetiu a bruxa, correndo o dedo por uma longa lista à sua frente. - Foi, primeiro andar, segunda porta à direita, Enfermaria Dai Llewellyn.



- Obrigada. Vamos gente.



Seguimos pelas portas duplas e pelo corredor longo e estreito enfeitado com mais retratos de bruxos famosos, iluminados por bolhas de cristal cheias de velas que flutuavam junto ao teto e lembravam gigantescas bolhas de sabão. Mais bruxas e bruxos de vestes verde-claras entravam e saíam pelas portas por onde passavam; um gás amarelo e malcheiroso invadiu o corredor quando emparelharam com uma das portas, e de vez em quando eles ouviam gritos distantes. Subiram um lance de escadas e chegaram ao corredor de Ferimentos Causados por Bichos, onde a segunda porta à direita estava sinalizada com o letreiro: Enfermaria Dai Llewellyn para Acidentes "Perigosos": Mordidas Graves. Logo abaixo, havia um cartão em uma moldura de latão no qual alguém escrevera: Curandeiro Responsável: Hipócrates Smethwyck. Curandeiro Estagiário: Augusto Pye.



- Vamos aguardar aqui fora, Molly - disse Tonks. - Arthur não vai gostar de receber tantas visitas ao mesmo tempo... primeiro entra a família.



Olho-Tonto resmungou sua aprovação à ideia e se postou à porta com as costas apoiadas na parede do corredor, o olho mágico girando em todas as direções. Harry se afastou também, mas a Sra. Weasley esticou o braço e puxou-o pela porta, dizendo: - Não seja tolo, Harry, Arthur quer lhe agradecer. E Luana pode vir também.



A enfermaria era pequena e um tanto escura, porque a única janela era estreita e ficava no alto da parede oposta à porta. A maior parte da iluminação vinha de mais bolhas de cristal agrupadas no meio do teto. As paredes eram forradas de painéis de carvalho, e havia na parede um retrato de um bruxo de cara maligna em cuja placa se lia Urquhart Rackharrow, 1612-1697, Inventor do Feitiço para Expelir Tripas. Só havia três pacientes. O Sr. Weasley ocupava a cama ao fundo da enfermaria ao lado da janelinha. Fiquei satisfeito e aliviado ao ver que ele estava recostado em vários travesseiros lendo o Profeta Diário, à luz do solitário raio de sol que incidia sobre sua cama. Arthur ergueu os olhos quando o grupo se encaminhou para ele e, vendo quem eram, abriu um grande sorriso.



- Olá! - falou, pondo o Profeta de lado. - Gui acabou de sair, Molly, precisou voltar ao trabalho, mas diz que passa para vê-la mais tarde.



- Como é que você está, Arthur? - perguntou a Sra. Weasley, curvando-se para lhe dar um beijo na bochecha, e examinando com ansiedade o seu rosto. - Você ainda está bem abatido.



- Estou me sentindo perfeitamente bem - respondeu o marido animado, esticando o braço ileso para abraçar Gina. - Se pudessem retirar as bandagens, eu estaria pronto para ir para casa.



- Por que é que não podem retirá-las, papai? - perguntou Fred.



- Bom, começo a sangrar como louco todas as vezes que tentam - explicou o Sr. Weasley animado, apanhando a varinha sobre o armário ao lado da cama e acenando para conjurar sete cadeiras do lado de sua cama, e acomodar todos. - Parece que havia um veneno incomum nas presas daquela cobra que mantém as feridas abertas. Mas eles têm certeza de que encontrarão um antídoto, dizem que já tiveram casos piores do que o meu, nesse meio-tempo só preciso beber uma Poção para Repor o Sangue de hora em hora. Já aquele sujeito ali - disse baixando a voz e indicando com a cabeça a cama do lado oposto, na qual um homem de aspecto verdoso e doentio olhava fixamente para o teto. - Foi mordido por um lobisomem, coitado. Não tem cura.



- Lobisomem? - sussurrou a Sra. Weasley, fazendo uma cara assustada. - Não tem perigo ele ficar em uma enfermaria coletiva? Não devia estar num quarto particular?



- Faltam duas semanas para a lua cheia - lembrou-lhe o Sr. Weasley, calmo. - Estiveram conversando com ele hoje de manhã, os Curandeiros, sabem, tentando convencê-lo de que poderá levar uma vida quase normal. Eu disse a ele, não mencionei nomes, é claro, mas disse que conhecia pessoalmente um lobisomem, um sujeito muito bom, que acha fácil administrar esse problema. - E que foi que ele respondeu? - perguntou Jorge.



- Que me daria mais uma mordida se eu não calasse a boca - disse o Sr. Weasley tristemente. - E aquela mulher lá adiante - ele indicou a outra cama ocupada ao lado da porta - não quis contar aos Curandeiros o que foi que a mordeu, o que faz a gente pensar que devia estar mexendo com alguma coisa ilegal. Mas, fosse o que fosse, arrancou-lhe um pedaço da perna, o cheiro é muito ruim quando removem os curativos.



- Então, o senhor vai nos contar o que aconteceu, papai? - perguntou Fred, aproximando a cadeira da cama.



- Bom, vocês já sabem, não? - disse o Sr. Weasley, dando um sorriso expressivo para Harry. - É muito simples, eu tive um dia muito longo, cochilei, fui apanhado e mordido.



- Saiu no Profeta que você foi atacado? - perguntou Fred apontando para o jornal que o pai pusera de lado.



- Não, é claro que não - respondeu o Sr. Weasley com um sorriso amargurado -, o Ministério não iria querer que todos soubessem que uma enorme cobra me...



- Arthur! - alertou-o a Sra. Weasley



- ... me... ah... mordeu - completou ele apressadamente, embora Harry não tivesse muita certeza de que era aquilo que ele pretendia dizer.



- Então onde é que você estava quando isso aconteceu, papai? - perguntou Jorge.



- Isso é só da minha conta - respondeu o pai, embora dando um sorrisinho. E apanhando o jornal, sacudiu-o para abrir as páginas e disse: - Eu estava lendo sobre a prisão de Willy Widdershins quando vocês chegaram. Sabem que descobriram que era ele quem estava por trás daqueles banheiros que regurgitaram no verão? Uma das azarações saiu pela culatra, o vaso sanitário explodiu e ele foi encontrado, inconsciente, nos destroços que o cobriram dos pés à cabeça em...



- Quando você diz que estava "em serviço" - interrompeu-o Fred em voz baixa -, que é que você estava fazendo?



- Você ouviu o que seu pai disse - sussurrou a Sra. Weasley. - Não vamos discutir isto aqui! Continue a história do Willy Widdershins, Arthur.



- Bom, não me pergunte como, mas o fato é que ele se livrou da acusação do banheiro - comentou o Sr. Weasley, carrancudo. - Só posso supor que correu ouro...



- Você estava guardando-a, não era? - perguntou Jorge em voz baixa. - A arma? A coisa que Você-Sabe-Quem está procurando?



- Jorge, cale a boca! - repreendeu-o a Sra. Weasley.



- Em todo o caso - disse o Sr. Weasley alteando a voz - agora Willy foi apanhado vendendo a trouxas maçanetas que mordem, e acho que desta vez ele não vai conseguir se livrar tão fácil porque, segundo o jornal, dois trouxas perderam os dedos e agora estão no St. Mungus para recuperar os ossos e apagar a memória. Imagine só, trouxas no St. Mungus! Em que enfermaria será que estão? E ele olhou a toda volta, como se esperasse ver um letreiro.



- Você não disse que Você-Sabe-Quem tem uma cobra, Harry? - perguntou Fred, com os olhos no pai para observar sua reação. - Uma cobra enorme? Você a viu na noite em que ele voltou, não foi?



- Já chega - disse a Sra. Weasley, aborrecida. - Olho-Tonto e Tonks estão no corredor, Arthur, querem entrar para vê-lo. E vocês podem esperar lá fora - acrescentou ela para os filhos, eu e Harry. - Podem vir se despedir depois. Vão andando.



Olho-Tonto e Tonks entraram e fecharam a porta da enfermaria ao passar. Fred ergueu as sobrancelhas.



- Ótimo - disse calmamente, vasculhando os bolsos -, que assim seja. Não nos contem nada.



- Está procurando isso? - indagou Jorge, mostrando um emaranhado de fios cor de carne.



- Você leu meus pensamentos - disse Fred, sorrindo. - Vamos ver se o St. Mungus põe Feitiços de Imperturbabilidade nas portas das enfermarias? Ele e Jorge desembaraçaram os fios, separaram cinco Orelhas Extensíveis e as distribuíram entre todos.



Harry hesitou em apanhar a sua.



- Vamos, Harry, apanhe uma! Você salvou a vida de papai. Se alguém tem o direito de escutar atrás da porta é você.



Sorrindo contrafeito, Harry apanhou uma ponta do fio e inseriu-a no ouvido, como haviam feito os gêmeos e eu.



- O.k., agora! - sussurrou Fred. Os fios cor de carne se agitaram como longos fiapos de vermes e deslizaram por baixo da porta. A princípio, Harry não ouviu nada, em seguida se assustou quando escutou Tonks sussurrando claramente como se estivesse ao seu lado. - ... eles vasculharam a área toda, mas não conseguiram encontrar a cobra em lugar algum. Parece ter desaparecido depois de atacar você, Arthur... mas Você-Sabe-Quem não poderia ter esperado que uma cobra entrasse, poderia?



- Calculo que a tenha mandado para vigiar - rosnou Moody - porque até agora ele não teve sorte, não é? Imagino que esteja tentando formar um quadro mais claro do que precisa enfrentar, e, se Arthur não estivesse lá, a fera teria tido muito mais tempo para espionar. Então, Potter diz que viu tudo acontecer?



- É - respondeu a Sra. Weasley. Parecia bastante inquieta. - Sabe, Dumbledore chegou a me dar a impressão de que estava aguardando que Harry visse uma coisa dessas.



- Ah, bom - disse Moody -, tem alguma coisa estranha no menino Potter, todos sabemos.



- Dumbledore se mostrou preocupado com Harry quando falei com ele hoje de manhã - cochichou a Sra. Weasley.



- Claro que está preocupado - engrolou Moody. - O garoto está vendo coisas de dentro da cobra de Você-Sabe-Quem. Obviamente, Potter não compreende o que isso significa, mas se Você-Sabe-Quem estiver possuindo-o...



Harry arrancou a Orelha Extensível do ouvido, o coração martelando disparado e o calor afluindo ao seu rosto. Ele olhou para os outros. Todos o encaravam, os fios ainda pendurados nas orelhas, os rostos repentinamente amedrontados.

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