
ׅ 𖥔ֺ ᮫ chapter thirteen
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não revisado|1632 palavras
publicado dia 24/03/2025
capítulo treze. . . eu sou uma fraude
Elysia entrou no quarto de Evie e Mal assim que a filha da Rainha Má permitiu sua entrada. O ambiente era um reflexo perfeito de ambas as garotas: elegante, mas com um toque de rebeldia; sofisticado, porém cheio de autenticidade. Havia vestidos espalhados pelo manequim ao canto, tecidos reluzentes dobrados sobre uma mesa e joias que cintilavam sob a luz suave do lustre de cristal. As cortinas azul-escuras, pesadas e imponentes, filtravam a luz do fim de tarde, banhando o quarto em um brilho dourado e sutil. Para Elysia, aquele espaço tinha um charme peculiar, misturando o jeito de Auradon com a essência única das duas amigas.
Sorrindo, a loira se sentou sobre a cama de Evie, observando-a fazer ajustes no vestido de Mal.
── Evie, eu não consigo respirar! ── Mal exclamou, arfando.
── Você pode respirar depois do baile ── replicou Evie, sem nem levantar o olhar enquanto puxava as costuras com precisão.
A estilista virou-se então para Elysia, os olhos brilhando em pura empolgação.
── Precisamos ajustar seu vestido mais tarde, querida… e também discutir o modelo para sua coroação.
Elysia sorriu, mas seu olhar se perdeu por um instante, como se a mente já estivesse sobrecarregada de pensamentos.
── Claro, estou ansiosa… mas preciso ver se terei tempo para os ajustes em ambos os vestidos… ── sua voz saiu distraída, enquanto Evie se sentava ao seu lado na cama.
O que nenhuma das duas percebeu foi o olhar de Mal, carregado por um misto de inveja e tristeza.
Ela queria estar ao lado de Elysia como Evie estava, queria uma amizade que fluísse naturalmente, sem que parecesse algo forçado. Queria que Elysia confiasse nela… mas a culpa que carregava era como espinhos enraizados em sua pele, impedindo-a de se aproximar sem medo.
── Tenho vinte eventos com Ben antes do baile, sem contar as cerimônias que antecedem minha coroação… a troca de estações… e minha fadinha! ── Elysia arregalou os olhos, soltando as palavras em um único fôlego antes de se levantar num salto. ── Esqueci que tenho que aprovar o cardápio do baile com Bella!
E, num instante, a princesa desapareceu pela porta, deixando Mal e Evie sozinhas no quarto.
As duas se entreolharam antes de rirem e voltarem à tarefa de ajustar o vestido.
Por um momento, houve apenas o som do tecido sendo puxado e das respirações controladas. Até que Mal quebrou o silêncio.
── Você já imaginou o que estaríamos fazendo agora se ainda estivéssemos na Ilha?
Evie parou, segurando o alfinete entre os dedos enquanto refletia na pergunta.
── Estaríamos infelizes ── respondeu, por fim. Seu tom era firme, mas melancólico. ── Mesmo que não parecesse, no fundo todos nós estaríamos infelizes.
Mal desviou o olhar, como se sua mente vagasse para tempos distantes.
── E não estamos agora? ── murmurou. ── Não te incomoda que as pessoas ainda te olhem como uma vilã? Que sussurrem sobre como você quebrou o coração da futura rainha de Auradon e do Refúgio das Fadas? Que… não tenha a confiança de Elysia?
A confissão fez Evie soltar um suspiro.
Agora ela entendia. Agora ela via o que realmente estava machucando uma de suas melhores amigas.
Mal não falava de como o mundo os via. Falava sobre si mesma. Sobre a dor de ainda sofrer por um erro cometido no passado.
Evie largou o tecido, voltando-se para Mal com um olhar gentil ── Elysia confia em você, Mal… Ela só precisa de tempo para estar pronta.
Mal riu sem humor ── E se esse tempo nunca chegar?
Evie segurou as mãos da amiga com delicadeza ── Em Auradon, temos uma chance que nunca teríamos na Ilha. Precisamos seguir em frente. Deixar o passado para trás. O que importa é o que escolhemos ser agora.
Mal forçou um sorriso e assentiu.
Mas, no fundo, não acreditava.
Seu coração lhe dizia que ela nunca pertenceria completamente àquele mundo. Que Elysia jamais confiaria nela da forma como confiava em Evie.
Afinal… quem confiaria na filha de Malévola?
Em uma fada sem asas?
( . . . )
Elysia caminhava pelo jardim, aproveitando os últimos raios de sol do dia, quando avistou Mal sentada a uma das mesas de pedra, próxima às roseiras plantadas no aniversário de casamento da Bela e da Fera. O vento soprava suavemente, carregando consigo o perfume adocicado das flores, mas, ao ver Mal ali, uma tensão familiar se instalou em seu peito.
Por um instante, pensou em dar meia-volta. Fingir que não a viu. Seria mais fácil, sem dúvidas, mas também infantil. Suspirou, reunindo coragem, e decidiu que era hora de encerrar o desconforto entre elas.
Com um sorriso leve, Elysia caminhou até Mal, que parecia concentrada em um livro. No entanto, a rapidez com que seus olhos percorriam as páginas despertou sua curiosidade.
── Mal… está tudo bem?
Mal arregalou os olhos ao ouvir a voz de Elysia e engoliu em seco. Com um movimento quase imperceptível, deslizou um livro menor para debaixo daquele que lia, como se tentasse escondê-lo.
── Elysia… eu… eu não esperava te ver agora ── murmurou, sua hesitação evidente.
Elysia franziu o cenho, estranhando a atitude da garota. Desviou o olhar para a mesa e reconheceu a capa do livro que Mal segurava.
── Eu amo esse livro ── comentou, tentando amenizar o clima enquanto estendia a mão para pegá-lo. Mas, ao levantá-lo, seu sorriso se desfez. Debaixo dele, repousava um livro de feitiços. O livro de feitiços de Malévola.
── Mal?
A outra abaixou a cabeça, como se quisesse desaparecer.
── Eu… eu só o trouxe para o caso de… algo acontecer… ── gaguejou.
Elysia pegou o livro, sentindo a capa de couro áspera sob seus dedos. Suas páginas exalavam um cheiro antigo, uma mistura de papel envelhecido e magia. Virou algumas folhas, lendo os feitiços em voz baixa:
── Encanto de leitura rápida… encanto de cabelo loiro… encanto de boas maneiras… ── Sua expressão mudou de decepção para fúria. Largou o livro como se queimasse. ── E eu achando que você tinha mudado.
Levantou-se bruscamente, o vestido esvoaçando com o movimento, a raiva pulsando em suas veias.
── Acreditei que você estava dando seu melhor. Aceitei quando minha mãe insistiu em convidá-la para minha coroação no Refúgio…
── O quê? ── Mal arregalou os olhos marejados. Sua voz saiu fraca, quase um sussurro. Mas antes que pudesse reagir, instintivamente ergueu a mão e murmurou: ── Reverta o momento que acabou de passar, remova com… reverta…
Elysia congelou. Seus olhos, antes apenas irritados, tornaram-se um poço de sombras roxas, um tom tão intenso que Mal sentiu os pelos de seus braços se arrepiarem. O vento ao redor delas começou a girar, sacudindo os galhos das árvores, espalhando pétalas pelo ar.
── Você está tentando lançar um feitiço em mim agora?! ── a voz de Elysia ecoou, carregada de descrença e fúria. Suas mãos tremiam, e a magia dentro dela fervia, ameaçando escapar. ── Já não bastou enfeitiçar o Ben?
Mal apertou os punhos, lutando contra as lágrimas ── Já está difícil o suficiente para mim, e você ainda joga tudo isso na minha cara!
Dessa vez, foi ela quem se levantou, os olhos brilhando em um verde profundo, quase venenoso.
── AS COISAS SÃO DIFÍCEIS PARA TODOS, MAL! ── Elysia gritou, e um trovão distante reverberou no céu. ── Você acha que é fácil para mim? Acha que um dia estarei pronta para ser uma Rainha tão boa quanto minha mãe e a Bella? Ter que olhar para você todos os dias e me perguntar se vai tentar enfeitiçar o Ben de novo? Não saber do que minha própria magia é capaz quando perco o controle?! Ou ter que olhar para você todos os dias e não saber o que sinto em relação a você, Mal?
Respirou fundo, mas seu peito subia e descia com rapidez.
── Ou pior ── sua voz tremeu, quase falhando ── ter que ver minha mãe te acolher como uma filha, quando você foi quem partiu o coração da única filha dela?
O silêncio caiu entre elas como um peso esmagador. O vento ao redor cessou abruptamente, e por um momento, parecia que tudo tinha parado.
── Aqui não é a ilha dos perdidos onde você pode fazer o que bem entende, Mal. ── Elydia declarou.
Mal desviou o olhar, mordendo o lábio com força ── Pode acreditar, eu sei muito bem que aqui não é a Ilha dos Perdidos ── sua voz saiu rouca, trêmula, carregada de algo mais profundo que raiva: cansaço. Exaustão. Dor. ── Mas eu não sou igual a você, Elysia. Eu não sou uma bela princesa-fada que tem a vida perfeita, os pais perfeitos e o namorado perfeito.
Fez uma pausa, e quando voltou a falar, sua voz quebrou.
── Eu sou uma fraude.
O vento soprou levemente, como se lamentasse por ela ── Eu nem posso ser considerada uma fada de verdade. Nada em mim é real ── sussurrou, passando a mão pelos cabelos tingidos. ── Essa é a verdade, Elysia…
Pegou sua mochila e o livro caído no chão. Seus dedos tremiam ao segurá-lo, mas ela não olhou para trás. Apenas virou-se e correu.
Elysia permaneceu ali, o coração pesado, os pensamentos confusos. Pela primeira vez, viu Mal como algo além da vilã que um dia a machucou profundamente.
E não soube dizer se isso tornava tudo mais fácil ou muito, muito pior.
E finalmente veio aí! Estavam com saudades? Eu estava morrendo de saudades da nossa Elysia!!!
O que acharam do capítulo? E essa briga em... saibam que ela ainda vai render muito!
Como havia dito, mudei alguns pontos do segundo filme para um melhor encaixe da trama da Mal e da Elysia.
No próximo capítulo teremos Elysia conhecendo o Harry... estou ansiosa por esse momento. Alterei algumas coisas na trama do Harry também, mas nada, ansiosos?
Beijos e até a próxima atualização (prometo não demorar três meses dessa vez) ♡
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