
𝐏𝐚𝐮 𝐂𝐮𝐛𝐚𝐫𝐬𝐢 🇪🇸
A atmosfera no estádio Mestalla, em Valência, ainda pulsava com a energia da esmagadora vitória do Barcelona sobre o Valência. Um 5×0 à maneira tradicional de Hansi Flick, digno de uma equipa que queria deixar a sua marca. Os jogadores, empolgados caminhavam até às bancadas para cumprimentar os torcedores e para poderem tirar algumas fotos. Entre eles, estava Pau Cubarsí, sempre sorridente e atencioso para com os fãs.
Maya, que tinha assistido a todo o jogo com entusiasmo, permaneceu na arquibancada, observando de uma zona mais discreta a forma como o seu namorado interagia com os torcedores. Ela sentia um orgulho enorme dele, da forma como era querido pela torcida, mas esse sentimento rapidamente se misturou com algo mais inquietante quando uma garota em particular se aproximou-se de Cubarsí para tirar uma foto.
Ela era bonita, cabelos loiros compridos, perfeitamente esticados, um sorriso demasiado confiante e olhos brilhantes.
— Pau, podemos tirar uma foto?
Ele assentiu, inclinando-se ligeiramente para aparecer melhor na imagem. A garota encostou-se mais do que o necessário à barreira que os separava, apoiando a mão sobre o ombro revestido pelo casaco que Cubarsí usava, ela fez um beicinho para a câmara, tirando diversas fotos deles juntos. Assim que terminou, virou-se para ele com um ar brincalhão.
— Não costumo gostar muito de tirar fotos com jogadores, mas por ti eu abro uma exceção.
Cubarsí riu, alheio ao comentário, encolhendo os ombros.
— Fico feliz por isso.
Mas ela não recuou. Pelo contrário, deu um passo mais à frente, ficando ainda mais próxima dele.
— Sabes, não te imaginava tão... alto. — Murmurou, o olhar a analisar todas as partes do corpo do moreno. — Quando te vejo na televisão a jogar já és incrível, mas ao vivo és ainda mais impressionante.
Maya, que observava tudo de uma zona um pouco mais distante e discreta, sentiu o estômago revirar. A forma como ela inclinou a cabeça para o lado, mordendo o lábio enquanto dizia mais meia dúzia de barbaridades, a forma como olhava para Cubarsí de cima a baixo, tudo isso fez um alerta soar na mente dela. Maya não era uma pessoa ciumenta — ou pelo menos era assim que gostava de pensar — mas ver aquilo, estava a passar dos limites. Não se tratava apenas da garota, mas também da falta de reação de Cubarsí.
Ele estava alheio à tensão do momento, ele não se afastou e nem cortou a conversa. Pelo contrário, estava ali, a sorrir.
— Pois, bem... não sei propriamente o que responder a isso.
— Oh, eu acho que tu sabes. — A voz dela ficou mais baixa, como se lhe estivesse a contar um segredo. — És sempre tão focado em campo, mas fora dele... aposto que também tens outros talentos.
Maya quase se engasgou com a cena à sua frente.
A garota passou os dedos pelos fios loiros do próprio cabelo, ajeitando-os com um ar casual, mas os olhos fixos em Cubarsí denunciavam que aquela conversa estava longe de ser inocente.
— Sabes... eu adoraria ver se és tão bom noutras coisas como és a defender dentro de campo.
Ele riu, mas não disse nada, talvez sem perceber a insinuação explícita na fala dela.
— Não és muito de falar, pois não? — Ela insistiu, inclinando-se um pouco mais. — Gosto disso. Gosto de homens misteriosos.
Maya sentiu o coração acelerar, mas não de uma forma boa. Cubarsí continuava ali, sem recuar, sem sequer demonstrar desconforto. Pelo contrário, ele estava a sorrir.
Ele estava a sorrir.
Aquela foi a gota d'água.
Sem dizer nada, ou sem causar grandes confusões, Maya virou-se e foi embora, descendo os degraus do estádio a passos largos, ignorando o que se passava. Não ia ficar ali a assistir aquilo.
Após mais alguns minutos, Cubarsí foi puxado por Hector Fort até ao balneário, Fort que não possuía uma cara lá muito boa.
— O que foi isso? — Cubarsí perguntou a Hector assim que entraram no balneário.
O amigo, aproximou-se do seu malote, pronto para se trocar, olhando depois para Cubarsí como se ele fosse um idiota.
— Não reparaste em nada?
Na verdade ele tinha reparado. Assim que foi puxado por Hector, ele olhou ao redor do estádio, e notou que Maya tinha desaparecido, mas só agora estranhava o desaparecimento. O plano era saírem juntos, após o jogo, mas agora ela tinha desaparecido sem avisar.
— A Maya. Ela estava lá nas arquibancadas, vi-a enquanto tirava as fotos, mas agora que falas... eu olhei a todo o redor e não a vi mais. Honestamente pensei que fôssemos sair juntos... — Ele passou as mãos pelos cabelos ainda úmidos do suor do jogo.
Hector soltou um suspiro curto, desacreditado.
— E o que estavas a fazer antes dela desaparecer?
— Estava a tirar fotos com alguns fãs, por quê?
Hector cruzou os braços.
— Com alguma fã em específico?
Cubarsí piscou algumas vezes, como se processasse a pergunta. Fazendo uma careta enquanto se tentava relembrar do momento exato.
— Ah... ouve uma garota que ficou a falar um pouco mais comigo, eu acho. Mas por quê?
Hector soltou um riso, desacreditado, novamente.
— És burro ou fazes-te?
Cubarsí fraziu o cenho.
— O quê?
— Se a Maya saiu sem dizer nada e foi logo depois disso, achas mesmo que não tem relação?
O moreno hesitou.
— Mas... eu não fiz nada!
Hector bufou.
— Cuba, sinceramente. As mulheres não precisam que tu faças alguma coisa. Se tu estavas ali, cheio de sorrisinhos para outra e não mostraste que tinhas namorada, já é motivo suficiente. Acredita eu sei do que falo, a Luísa é igual.
Cubarsí olhou preocupado para o moreno, sentindo um peso atingir o seu peito.
— Fiz merda, não fiz?
— Demasiada. — Hector terminou de arrumar as suas coisas, ajeitando a mala às costas. — Vai falar com ela antes que fiques sem a Maya de vez. Não sei sinceramente o que ainda aqui estás a fazer a olhar para mim, eu não vou resolver o teu problema.
Cubarsí parecer cair finalmente na realidade, pegando no telemóvel e nas chaves do carro, saindo do balneário a passos largos.
No apartamento da Maya
Maya estava no sofá, abraçada a uma almofada, desejando que a almofada fosse o seu namorado, ela tentava se convencer de que estava a exagerar. Mas sempre que fechava os olhos, a cena voltava. A loira a inclinar-se para ele, o toque no braço, os risinhos... o sorriso dele.
E então a campainha tocou.
Ela hesitou, mas lá foi abrir.
E ali estava ele. Cubarsí estava parado à porta, um pouco sem fôlego, os olhos verdes agora mais escuros a varrerem o rosto dela com preocupação.
— Vais explicar-me por que saíste sem dizer nada?
Ela cruzou os braços, não lhe dando espaço suficiente para ele entrar no apartamento.
— Achei que estavas ocupado demais para perceber.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— O que queres dizer com isso?
Ela riu, mas sem humor, girando o seu corpo para dentro do apartamento e deixando o moreno entrar, assim que ele entrou, fechou a porta atrás de si, seguindo a namorada pelo espaço até à sala.
— Tu não tens noção, pois não? Do que estava a acontecer à tua frente enquanto falavas com aquela loira toda convencida.
Ele olhou para ela, não entendendo o ponto dela.
— Eu... não?
— Exato! — Maya soltou um suspiro frustrado, passando as mãos pelo rosto. — Ela estava a dar em cima de ti! Tocou no teu braço, ou ombro, ou sei lá. Inclinou-se para mais perto, mordia o lábio enquanto falava! E o que tu fizeste? Sorriste como se estivesses a gostar da atenção!
Cubarsí abriu e fechou a boca, parecendo finalmente entender o que tinha acontecido.
Agora ele percebia todas aquelas falas, não inocentes, da garota.
— Espera... estás com ciúmes?
Maya cruzou os braços à frente do peito.
— Oh, Cuba... Deves estar a brincar! Eu não estava com ciúmes, nem estou, estou apenas incrédula com a situação que presenciei do meu namorado com outra mulher. Não metas a culpa nos ciúmes.
— Mas saíste do estádio sem me dizer nada, apenas porque viste uma fã a falar comigo.
Ela bufou.
— E tu não recuaste na conversa! Nem ao menos tentaste mostrar que tinhas namorada!
Ele passou as mãos pelos cabelos, pensando no que dizer para remediar a situação.
— Maya, eu juro que nem percebi...
— Pois é esse o problema.
Ele suspirou, aproximando-se dela.
— Amor, escuta... eu sou péssimo nessas coisas. Tu melhor do que ninguém, sabes disso. Eu nunca reparo quando alguém está a dar em cima de mim porque, sinceramente, só reparo em ti.
Ele aproximou-se ainda mais, segurando o rosto dela com uma mão.
— Eu só reparo em ti.
Ela desviou o olhar.
— Não foi isso que me pareceu.
— Eu juro que foi. — Ele colocou a sua outra mão sobre o rosto dela, fazendo com que ela o encara-se. — Só me interessa a tua atenção. Só quero o teu toque, o teu sorriso. Não me importo com outras mulheres, apenas contigo.
Maya tentou manter a expressão de chateada, mas ele era tão sincero que sentiu a raiva derreter um pouquinho.
— Eu não queria ter de ficar ali a presenciar outra pessoa a tentar conquistar-te enquanto ficavas ali apenas a sorrir.
— Eu sei, meu amor. Desculpa. Foi estúpido da minha parte, não voltará a acontecer. Prometo que da próxima, espero que não exista, corto logo o assunto. Digo que tenho namorada, coloco fita no meu dedo anelar a simular a aliança e mostro diretamente.
Maya permaneceu calada por alguns segundos. Cubarsí então puxou-a para um abraço apertado escondendo o rosto nos cabelos dela.
— Desculpa, meu amor.
Ela suspirou, enterrando o rosto no peito dele.
— O que preciso de fazer para me perdoares? Faço qualquer coisa. O que quiseres. — Ele disse, beijando o topo da cabeça de Maya.
— Massagem.
Ele riu baixinho com a resposta quase instantânea, beijando a testa dela.
— Fechado.
Maya acabou por sorrir também. No final, mesmo com os ciúmes e fãs doidas, ela sabia que Pau Cubarsí era dela, e apenas dela.
FIM ♡
Pedido: Iara_Loureiro muito obrigada 😊🫶🏼
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