PRÓLOGO
o jantar está servido.

                    TRADIÇÕES NUNCA SÃO QUEBRADAS EM SUNNYVALE, todos os habitantes da cidade parecem se importar com a honra e valores passados de geração em geração. Ao menos, sempre foi assim com os Goode, a família mais importante da cidade, que jamais deixou de lado a prática da caça. Para eles, não é só o fato de ver o sangue se espalhando pela terra ou a vida indo embora lentamente, também é uma questão de: não desperdiçar.

──  Boa garota!  ──  a voz pretensiosa por trás do corpo abaixado de Serena a fez respirar fundo  ──  Nada mal pra alguém que começou a caçar na sua idade...

Nick Goode, seu pai, a analisava com certo orgulho, ela havia feito aquilo: atirou num coelho de 40 cm, a primeira vez que esteve tão perto da morte.

──  Meus antepassados estariam orgulhosos?  ──  arqueou a sobrancelha, tentando disfarçar o tremor na voz, o sangue em seus dedos ao levantar o animal pelas patas, lhe causou certo embrulho no estômago e, pavor  ──  Eu não deixei de cumprir com a nossa tradição!

──  Vai precisar se esforçar mais se quiser a real aprovação deles.  ──
Goode sorriu, vendo a expressão de decepção da garota, ele segurou a espingarda de cano curto que a mesma carregava na outra mão, nervoso devido a algum motivo  ──  Por acaso aquela sua maldita amiga de Shadyside vem hoje?

──  A Heather? Não, ela tá ocupada cumprindo seu turno no shopping, parece que vai ficar por lá até tarde.   ──  um vento se arrastou da floresta de onde estavam até a mansão, local para onde caminhavam, fazendo Serena se arrepiar.

──  Sei que o que eu vou pedir vai ser difícil pra você, mas... Não quero mais te ver andando com ela.  ──  os olhos de Nick pesaram sobre o rosto pálido da jovem.

──  Pai, já conversamos sobre isso! A Heather não é uma delinquente. E ela não tem culpa de ter nascido numa cidade amaldiçoada graças aquela bruxa bizarra. Vai ser bom que ela tenha alguma oportunidade aqui em Sunnyvale.

──  As pessoas estão falando, Ena. Que vocês duas estão juntas.  ──  ele a acompanhou ao subirem para a varanda  ──  Manchar o nome da nossa família com uma Shadysider é algo que não vou admitir!

──  Nós somos só amigas. E essa guerra idiota entre as cidades precisa acabar, não é você mesmo e o tio Will que vivem dizendo isso?

──  Esse é o meu último aviso, Ena.  ──  ele ergueu a voz, a encurralando contra a parede, as moscas já começavam a rondar o animal morto  ──  Pare de andar com os Shadysiders, ou eles vão trazer essa maldição até você.

E entrou na casa. Serena nunca esteve tão gelada como agora, não bastava o coelho morto em suas mãos, a bronca desnecessária de seu pai e o olhar ameaçador vindo do mesmo, os quais contribuíram para que se sentisse ainda mais incapaz e apavorada, quando tudo o que esperava era apenas conquistar a sua confiança e lhe dar algum tipo de orgulho.

Mas não apenas ele, muitas pessoas esperavam que ela fizesse o melhor, todos sempre colocavam altas expectativas sobre seus ombros, especialmente por carregar um sobrenome tão significativo quanto o seu. Já outros apenas aguardavam um pequeno tropeço, qualquer mísera falha, para lhe apontarem o dedo. Esse era um caminho perigoso, toda vez que pensava estar fazendo o certo, parecia se distanciar ainda mais de alcançar a tão desejada perfeição.

Atravessou a cozinha e jogou o animal na pia, esfregando o sangue de seus dedos contra um pano de prato. Ela notou Nick apressado, afivelando os cintos, como se não fosse demorar a sair de novo. Na mesa, um presente, mal embrulhado por sinal, a jovem aproveitou para arrancar o resto da embalagem, percebendo que havia ganhado um par de hidratantes para cabelo e uma pequena pulseira, junto de um simples bilhete, o olhar curioso e incerto dela, fez com que seu pai continuasse:

──  Sua mãe mandou isso pra você.  ──  ele apontou para a lembrança.

──  Olha, até que enfim ela lembrou que eu existo!  ──  o comentário expressou sua raiva contida, Serena sequer se deu ao trabalho de ler a mensagem.

Já não era segredo pra ninguém que depois da separação que seus pais enfrentaram, sua mãe se mandou de Sunnyvale, com um garoto que tinha idade para ser seu irmão mais velho. Ela odiava a sensação de ser uma pedra no sapato para a mesma.

── O senhor já vai? ── perguntou ao vê-lo se direcionando a saída.

──  Vou.  ──  respondeu seco  ──  É melhor limpar a carne e colocar pra assar. Eu quero comer algo quando chegar, e aliás, não deixe passar do ponto.

Não desperdiçar, significava reaproveitar. Na linguagem dos Goode, nenhum animal depois de caçado ia parar debaixo da terra, e, poucos acabavam polidos numa estante da imensa mansão. Eles sempre se alimentavam dos mesmos, como uma espécie de vínculo com a natureza, onde ambos se tornavam um. Um casamento atípico, no qual os descentes acabavam carregando consigo parte do progresso, caçar os fazia sentir superior. Era o natural desejo do homem o de subjugar um ser mais fraco que o próprio.

O que ninguém podia imaginar, é que
a cena se repetiria.

Há seis horas dali, um pouco mais tarde, no lado escuro da pacata Ohio, na temível Shadyside, entre os corredores do shopping central, Heather Watkins seria subjugada. Caçada por um psicopata imprevisível.

₍ 001 ₎ Eu postei esse prólogo
e sai correndo jsksk Mas espero
que vocês tenham gostado, decidi
introduzir a família Goode
inicialmente. E eu gostei muito do
resultado.

₍ 002 ₎ Não esqueçam de favoritar
e comentar. E, me digam o que
acharam do cap aqui!

₍ 003 ₎ Tô ansiosa pra trazer
mais capítulos, então nos
vemos em breve. Bjnhs! ♡